O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, negou nesta segunda-feira que o Brasil tenha cedido nas negociações com a Argentina para fixar as novas regras do comércio bilateral de automóveis.
?O que nós estamos vendo hoje é uma regularização da economia dos dois países, onde já desapareceram as razões que levaram às modificações do passado, quando a Argentina pediu que alargasse o flex, que era uma maneira de dar vazão aos veículos que o mercado interno deles não absorvia?, argumentou o ministro, referindo-se à redução do flex (coeficiente de desvio sobre as exportações) de US$ 2,6 para US$ 1,95, podendo chegar a US$ 2,1.
Em entrevista coletiva aos jornalistas brasileiros, em Buenos Aires, onde o novo acordo foi assinado, Furlan explicou que foi acertado um acordo de transição, com duração de 24 meses, de 1/07/2006 até 30/06/2008, enquanto se negocia a data para a liberalização do comércio. Durante o período de vigência do acordo, será mantido um flex limite único, válido para os dois países, de US$ 1,95 podendo oscilar até US$ 2,1.
?O importante é que nesses dois anos de acordo, o flex seja de US$ 1,95, porque o índice varia de acordo com o mês?, disse Furlan, lembrando que esse valor ?se aproxima dos registrados na prática no comércio bilateral, uma vez que no mês de maio, por exemplo, a proporção ficou em US$ 1,85?.
Exportações
Furlan afirmou ainda que "o número menor de flex não interfere em nada nas exportações brasileiras para a Argentina porque as vendas argentinas para o Brasil estão crescendo". As exportações brasileiras de automóveis para a Argentina "continuarão crescendo", afirmou Furlan ao mesmo tempo em que esclarece que estas avançam a um ritmo de 15% ao ano, enquanto que as exportações da Argentina para o Brasil estão subindo 30% ao ano.
"Os dois países estão crescendo, isso gera demanda e os números da Anfavea (Associação Nacional dos Veículos Automotores), do mercado interno, estão atingindo os níveis do melhor ano que foi 97", afirmou. Ele lembrou também que uma das razões pelas quais a Argentina está aumentando suas vendas ao Brasil é o fato de o país vizinho ter começado a produzir motor bicombustível, que "representa hoje 75% da demanda do mercado brasileiro".
Furlan reconhece que o Brasil não conseguiu fixar uma data para a entrada em vigor do livre comércio de automóveis no Mercosul. "A palavra livre comércio não se conseguiu explicitar", disse, avisando que o Brasil não desistiu de negociar esse ponto. "Um dos artigos do acordo diz que nós temos a expectativa de que haja um grau de abertura mais amplo quando se fizer a revisão daqui a dois anos", ressaltou.
Sobre o setor de autopeças, os dois sócios acertaram que, até 31 de dezembro de 2006, definirão uma política comum para o setor. Até lá o Brasil continuará a aplicar a lei que prevê a redução de 40% na importação de autopeças provenientes de terceiros países de fora do bloco.