Furlan crê que Argentina vai renegociar cotas

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, acredita que a Argentina reabrirá negociações com o Brasil para a eliminação de cotas de produtos brasileiros exportados para aquele país. Tal análise, segundo Furlan, foi obtida pela disposição que o presidente argentino, Néstor Kirchner, demonstrou ontem, após encontro em Buenos Aires quando foi assinada a renovação do acordo automotivo entre os dois países.

"A nossa abertura foi aceita de uma forma muito tranqüila pelas autoridades argentinas e esse será um processo de negociação", afirmou hoje o ministro, depois de visitar a Bienal Brasileira de Design, realizada na Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo, referindo-se a pleito brasileiro de eliminações de cotas sobre calçados, linha branca, televisores e outros produtos.

Como "industrial aposentado", assim por ele mesmo definido, Furlan disse que entendia o desejo dos empresários argentinos em defender seus mercados, mas insistiu que os dois países devem aprofundar as relações de livre comércio. "Argentina e Brasil vivem momentos hoje muito melhores do que há três anos e isso favorece para haver entendimento de reabertura", observou.

Balança comercial

A queda de cerca de US$ 1 bilhão do superávit comercial brasileiro nos seis primeiros meses deste ano, em relação a igual período de 2005, não preocupa o governo, segundo Furlan. "O Brasil não precisa de um superávit comercial anual de US$ 45 bilhões", disse. "A perda de US$ 1 bilhão é, nestes seis meses, considerada tranqüilamente normal", acrescentou.

Segundo ele, as expectativas do governo para este ano já consideravam um superávit comercial menor, provocado, principalmente, pelo maior peso das importações no fluxo de comércio do País. "Portanto, há uma tendência normal de o superávit diminuir", reiterou.

Furlan admitiu que setores, como o calçadista, o automotivo e o moveleiro, vêm sofrendo queda de exportações, por conta da valorização do real frente ao dólar, mas, novamente, não deu indicação de que a condução da política monetária sofrerá alguma mudança para reverter o ciclo de valorização do real.

TV digital

O ministro Luiz Fernando Furlan disse que o acordo entre Brasil e Japão para a aplicação da tecnologia daquele país no sistema brasileiro de TV digital deverá resultar em investimentos japoneses no território brasileiro."Houve entendimentos e tratativas não só com o governo japonês, como também com empresas japonesas, para que realizem investimentos no Brasil", disse.

Ele não quis, entretanto, entrar em detalhes sobre as negociações. "Vou me informar melhor numa reunião hoje à noite, mas está confirmado que, na quinta-feira, haverá um evento em Brasília para a definição desse tema", limitou-se a dizer.

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