Fungo é quarta causa de infecção hospitalar no Brasil, diz professor da UFRJ

O Brasil é um dos países do mundo em que há maior índice de candidemia. Trata-se de um quadro infeccioso causado pelo fungo Candida e que hoje representa a quarta causa de infecção hospitalar no país. O assunto está em debate, neste sábado, no Rio de Janeiro no último dia do 4º Fórum de Infecções Fúngicas na Prática Clínica.

O coordenador do simpósio, Márcio Nucci, chefe do laboratório de Micologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, informou à Agência Brasil que uma recente pesquisa realizada em 12 centros médicos brasileiros de diferentes cidades mostra que a taxa de incidência de candidemia no Brasil é de 2,7 casos por mil admissões em hospitais.

Ele enfatizou que "o reconhecimento desse problema provoca impacto em medidas de prevenção que podem diminuir a freqüência das infecções".

Em países como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, as taxas são, no máximo, de 1 a 1,5 caso por mil admissões, disse Márcio Nucci. "Então, temos uma taxa de candidemia mais alta do que no hemisfério norte", constatou. Na Europa, a estatística é ainda menor, atingindo de 0,2 a 0,8 caso por mil admissões. Segundo Nucci, os dados inidicam que "a nossa taxa está entre 3 a 8 vezes mais alta do que nesses países".

Também professor adjunto de Hematologia da UFRJ, Márcio Nucci explicou que o fungo Candida está presente no organismo humano imediatamente após o nascimento. "Todo indivíduo adulto tem em seu intestino uma quantidade grande de Candida, presente também na pele e na vagina.

E quando existem condições locais ou condições do organismo de baixa da imunidade, a Candida que vive de forma harmônica com o organismo causa infecção. A maioria das infecções por Candida é de origem endógina", disse.

O médico afirmou que, nas duas últimas décadas, esse problema está relacionado ao aumento da população de indivíduos que ficam com sua imunidade mais baixa. Exemplos disso são os pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs), recém-nascidos prematuros, pacientes que recebem quimioterapia de câncer e fazem transplantes de órgãos.

A realização do 4º Fórum de Infecções Fúngicas é uma das iniciativas promovidas pela classe médica com apoio da indústria farmacêutica, que visam dar seqüência ao programa de educação continuada dos profissionais.

"A gente procura conscientizar a classe médica do problema e reconhece uma dificuldade grande em vários aspectos, como o diagnóstico", afirma ele. Para reduzir esse problema, os especialistas desenvolvem a capacitação dos laboratórios para o diagnóstico dessas infecções, dentro do programa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Organização Panamericana da Saúde (Opas).

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