A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) constatou que, no primeiro trimestre deste ano, R$ 3 bilhões em investimentos dos fundos de pensão em renda fixa migraram para a renda variável.
Em boa medida, esse movimento foi a resposta do setor à queda da taxa básica de juros, a Selic, que remunera os títulos públicos federais.
Essa tendência deverá ser mantida e está na base da argumentação do pedido da Abrapp ao Conselho Monetário Nacional (CMN) de flexibilização dos limites para cada tipo de investimento das carteiras dos fundos.
Segundo o presidente da Abrapp, Fernando Pimentel, em dezembro de 1998, quando começou a escalada da taxa Selic, os fundos de investimento em renda fixa representavam 22,8% da carteira.
Em março passado, essa fatia passou para 44,7%. "Podemos prever que, nos próximos nove anos, essa parcela retorne gradualmente à faixa dos 20%", afirmou.
Pimentel afirmou, ainda, que o ambiente de queda da Selic deverá levar os fundos de pensão a investir em projetos produtivos e de infra-estrutura. Os fundos estão atentos, em especial, aos projetos listados na Parceria Público-Privada (PPP) e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O desafio para o governo, segundo Pimentel, será detalhar esses projetos, para que o setor tenha clareza sobre suas perspectivas de segurança e de rentabilidade.
"Ao atingir o grau de investimento das consultorias de avaliação de risco, o Brasil terá o desafio de apresentar projetos capazes de absorver o investimento estrangeiro e nacional", afirmou Pimentel.