Cristiane Ramos, 22 anos, nasceu e sempre viveu na Vila Parolin, uma das ocupações mais antigas da cidade. Ela estava morando no trecho mais crítico da área, conhecido como "Beco do Bassani", uma extensão de 150 metros que margeia o rio Vila Guaíra, onde foram construídas de forma extremamente precária 25 casas.
Nesta segunda-feira (11), a vida de Cristiane, começou a mudar. Ela foi transferida, junto com as duas filhas, de sete e três anos de idade, e o companheiro Kael Zeferino, para uma casa de madeira no loteamento Moradias Monteiro Lobato, localizado no bairro do Tatuquara.
A relocação das 25 famílias do "Beco do Bassani" está sendo realizada pela Cohab, com o apoio da Fundação de Ação Social, que doou material para a construção de 11 casas (madeiras, esquadrias, telhas para cobertura, peças para instalações hidráulica e elétrica), e do Instituto Pró-Cidadania de Curitiba, que repassou mil tijolos para a execução de fossas sépticas.
Para realizar a transferência, a Cohab está cedendo os lotes e será responsável pela doação de material para a construção de mais 14 casas. Antes de ocupar os imóveis, as famílias assinaram com a Companhia um contrato não oneroso de uso que lhes garante acesso ao lote. Mais tarde, quando a situação dos relocados estiver estabilizada, eles poderão se tornar proprietários das unidades, financiando a aquisição.
Mudança
"A mudança representa uma transformação na vida das famílias que deixam uma situação de risco e passam a morar em um terreno plano e seguro, com uma casa que poderá ser melhorada aos poucos", explica o pastor Valdemir Soares, presidente da Cohab.
Edson Pereira Rodrigues, presidente da Associação de Moradores da Vila Parolin, acompanhou nesta segunda-feira o início da relocação das famílias. Ele comemorou a operação, lembrando que ela estava sendo aguardada há muito tempo. "Este beco existe há pelo menos 35 anos. Inúmeros prefeitos e até governadores já passaram por aqui, prometendo acabar com ele. Isso nunca aconteceu. Finalmente, este problema está sendo resolvido", disse.
O "Beco do Bassani" é uma parte da ocupação da Vila Parolin, numa área de fundo de vale. As famílias enfrentavam o risco de inundações e desmoronamento e não contavam com qualquer espécie de saneamento. Para Vera Lúcia de Souza, uma das moradoras mais antigas do local, o que incomodava mais era a infestação de ratos e a proliferação de doenças.
Com nove filhos, ela acha que no loteamento da Cohab terá melhores condições para criá-los. "As crianças vão poder brincar e correr no quintal", diz ela. No "Beco do Bassani", isto não era possível porque a casa de Vera Lúcia estava praticamente pendurada na margem do rio e qualquer passo em falso significava a possibilidade de cair na água.
A transferência das famílias será feita gradativamente, ao longo desta semana. À medida que as famílias forem desocupando a área de fundo de vale, será feita a limpeza no local, retirando o excesso de lixo acumulado e restos de construção, Depois as máquinas do 4º Distrito Rodoviário vão entrar para abrir uma rua paralela ao rio. A via vai melhorar as condições de circulação interna na Vila Parolin e também vai impedir que a margem do rio sofra uma nova ocupação indevida.
