A Fundação Zerbini, que administra o Instituto do Coração (Incor), pediu um empréstimo de R$ 120 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para tentar conter a crise no hospital. O pedido foi divulgado hoje (15) em entrevista coletiva realizada no Incor, em São Paulo.

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De acordo com o consultor do hospital Nilo Cello, a dívida da fundação com bancos e fornecedores é de R$ 245 milhões (metade dela com o BNDES) e já foi responsável pela demissão, na última sexta-feira, de 34 dos 68 funcionários da Fundação Zerbini. A crise não provocou demissões no hospital, que conta hoje com cerca de 3,5 mil funcionários, mas afetou o salário dos médicos.

?No Incor, todos os médicos abriram mão de 15% da sua complementação, num ato altruístico dos funcionários?, disse o médico David Uip, diretor-executivo do Incor. Segundo ele, a medida não afetou o atendimento. ?As pessoas continuaram atendendo, não houve nenhum problema de continuidade.?

O empréstimo pedido pela fundação junto ao BNDES é parte do plano de ação para recuperação do hospital, que prevê ainda a elevação do teto do SUS, a busca de elevação de convênios, a transferência de funcionários e de compras para o Hospital das Clínicas, a redução da folha e de serviços profissionais e uma renegociação da dívida com os credores.

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Recebendo o empréstimo, a fundação espera honrar suas dívidas. ?Temos uma dívida com bancos privados de aproximadamente R$ 80 milhões e de R$ 50 milhões com fornecedores, e temos também que pagar os funcionários?, disse o médico Jorge Kalil, presidente do Conselho Diretor do Incor e do Conselho Curador da Fundação Zerbini.

Há também a expectativa de que o Ministério da Saúde colabore com a dívida fornecendo R$ 20 milhões, o que pode ser anunciado amanhã (16), até o meio-dia, numa reunião prevista entre o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

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?Tenho absoluta certeza que amanhã nós teremos a solução?, afirmou Kalil. Segundo ele, o plano de reestruturação da dívida e do hospital já foi entregue ao Ministério da Saúde e uma reunião técnica dos consultores do hospital com o BNDES foi realizada ontem para tratar sobre o assunto.

?Precisamos de recursos agora senão a Fundação Zerbini acaba. O Instituto do Coração é um hospital público e vai caindo aos poucos se não tivermos recursos sem o apoio da fundação.?