Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava em Bagé (RS), na tarde de hoje, uma manifestação de funcionários públicos tomou a Rua dos Andradas, em Porto Alegre, para protestar contra a política econômica e a corrupção no governo e no Congresso.

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Entre os cerca de 2 mil manifestantes que participaram da passeata, a deputada Luciana Genro (Psol-RS) anunciou que os partidos e sindicatos de esquerda tentarão levar o povo para as ruas nos próximos dias. "Isto aqui é a faísca que vai acender a mobilização popular", afirmou. Amanhã (28), no Rio de Janeiro, haverá uma manifestação semelhante à da capital gaúcha.

Luciana, expulsa do PT por votar contra a reforma da Previdência, adiantou que os protestos sinalizarão aos participantes das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que o povo quer esclarecimentos para todas as denúncias que surgiram nos últimos meses. "Estaremos atentos porque não confiamos em nenhum dos blocos que participam das investigações" afirmou. "A direita também tem vínculos com a corrupção."

Os funcionários públicos foram maioria entre os manifestantes. Fantasiados de palhaços, conduzidos em cadeiras de rodas e usando perucas coloridas e chapéus de palha, eles reclamaram dos salários congelados, enquanto deputados embolsariam R$ 30 mil de "mensalão" para votar com a administração federal. Antigos aliados, como o professora Neida Oliveira, ex-dirigente do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul, avisaram que abandonaram a defesa do Poder Executivo, afastaram-se da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e contestarão a gestão Lula.

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"As pessoas sabem que o governo tem responsabilidade", avaliou. Os manifestantes ligados ao Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência (Sindisprev) do Estado, em greve desde 2 de junho, afirmaram que tentarão entregar amanhã (28) uma carta de reivindicações ao presidente, quando ele visitará a Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, e as obras da Rodovia BR-101, em Osório, no litoral norte do Estado. Se não forem recebidos, podem promover um ato paralelo aos discursos oficiais.