Os salários dos funcionários do Banco Santos relativos à segunda quinzena de outubro deverão ser depositados nas suas contas privadas em outros bancos na sexta-feira, afirmou a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira Leite. Segundo ela, a informação foi dada pelo assessor do interventor do Banco Central no Banco Santos, Edson Domingues.
"A partir de agora, segundo o que ele nos afirmou, todos os salários serão pagos nas contas dos funcionários normalmente. Temos preocupação, contudo, com a primeira parcela que está bloqueada e que afeta a grande maioria dos funcionários", comentou.
A sindicalista disse que o bloqueio prejudicou principalmente bancários com salários mais baixos. "Quem quis fazer TEDs acima de R$ 5 mil conseguiu. Contudo, quem fez DOCs no dia 12 não conseguiu porque eles voltaram", afirmou, acrescentando que tal operação não foi bem-sucedida porque ela é completada no dia seguinte e a intervenção do BC no Banco Santos aconteceu na noite do dia 12.
Os sindicalistas também solicitaram ao representante do interventor no encontro a primeira parcela do pagamento da Participação de Lucros e Resultados (PLR), que deveria ocorrer até o fim deste mês.
No primeiro semestre, o Banco Santos apresentou em balanço um lucro líquido de R$ 46,67 milhões. "No entanto, o assessor do interventor afirmou que é muito difícil isso ocorrer", comentou Juvandia. "Mas os trabalhadores têm direito à PLR porque colaboraram muito para os bons resultados apresentados pelo banco", complementou.
A partir de agora, os sindicalistas vão analisar o quadro apresentado pelo representante do interventor do Banco Santos para decidir quais decisões irão adotar nos próximos dias. "Vamos estudar os caminhos legais em políticas em relação ao caso. Embora não termos uma data firmada para o próximo encontro está aberto nosso canal de negociação com o Banco Central", disse.
Sindicalistas
Dirigentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região manifestaram hoje o temor de que ocorram demissões no Banco Santos até o final do ano. Segundo eles, esta possibilidade foi admitida por Edson Domingues, assessor do interventor do Banco Central na instituição, Vânio Aguiar, com quem se reuniram na manhã desta terça-feira.
"A alegação principal é que a instituição tem muitas despesas, como a de folha de pagamento, que é de R$ 5 milhões por mês. Contudo, esse argumento não é adequado porque, quando ocorrem dispensas, é feito um grande desembolso no curto prazo com indenizações trabalhistas", comentou a secretária-geral do sindicato, Juvandia Moreira Leite.
De acordo com a sindicalista, o assessor do interventor acenou com a forte possibilidade de demissões, de acordo com os destinos mais prováveis do banco: venda, redução das operações do banco ou liquidação. Os representantes do sindicato também lamentaram a manutenção do bloqueio do dinheiro depositado nas contas da maioria dos funcionários da instituição, ocorrido no dia 12, quando aconteceu a intervenção pelo BC.
"O representante do interventor nos disse que não há uma data definida para a liberação do dinheiro, pois os recursos seriam pagos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como ocorreria com os outros clientes do banco. Ele acenou com a hipótese de que a situação poderia ser solucionada na primeira ou segunda quinzena de dezembro", afirmou Juvandia.
De acordo com a sindicalista, a maior parte dos vencimentos dos 800 funcionários do Banco Santos ficou bloqueada quando foi depositada primeira parcela dos salários de outubro equivalente a 40% do total.
Ela informou que, há dois meses, o Banco Santos criou uma espécie de conta-salário, na qual os funcionários eram obrigados a receber seus vencimentos, que até então, eram depositados em sua contas correntes em outros bancos. "Estou decepcionada com todo este quadro. A situação que encontramos após a reunião de hoje é pior do que imaginávamos", observou Juvandia.
