Cerca de 250 manifestantes ligados à Varig fecharam hoje uma das pistas da orla de Ipanema, na tentativa de sensibilizar a população para os problemas da companhia aérea. O protesto, organizado por entidades como Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e Associação dos Pilotos da Varig (Apvar) também pedia maior apoio do governo para salvar a empresa, com a extensão no prazo de pagamentos a dois credores estatais: a BR Distribuidora e a Infraero.
Com faixas com frases como "O Brasil é a Varig" e "O governo não quer ajudar mas quer atrapalhar", os manifestantes caminharam pela orla da zona sul, até a praia de Copacabana, distribuindo panfletos e fitas verdes e amarelas aos banhistas que aproveitavam o sol durante o feriado. Em meio ao som de apitos, frases de protesto, e até mesmo um carro de som, o presidente da Apvar, Rodrigo Marocco, explicou que a empresa precisa de pelo menos dois meses de prazo junto à BR Distribuidora, que fornece o combustível à Varig; e de cinco meses de carência junto à Infraero.
"Atualmente, a Varig tem que pagar, à vista, cerca de R$ 2 milhões por dia para ter o combustível da BR Distribuidora, enquanto as outras empresas aéreas podem pagar a prazo", reclamou Marocco. De acordo com o presidente da Apvar, atualmente a dívida da empresa junto à União e empresas privadas gira em torno de R$ 8 bilhões. Embora tenha admitido o alto valor das contas a pagar, Marocco considerou que o governo também teria débito de mais de R$ 4 bilhões junto à companhia aérea, referente ao congelamento de tarifas imposto durante os planos econômicos (Cruzado, Collor, Bresser), entre 1985 a 1992.
Também presente ao protesto, o assessor de Relações Institucionais da Apvar, comandante Marcelo Duarte, rebateu ainda as críticas de que a Varig estaria pedindo dinheiro público ao governo para fugir da falência. "Não queremos dinheiro público. Queremos usar os recursos do fundo de pensão da Varig (Aerus) para ajudar a salvar a empresa", disse Duarte, comentando que a área precisa de um sócio com capital suficiente para assumir os passivos e revitalizar suas operações.
A manifestação contou ainda com a presença de políticos, como a vereadora Aspásia Camargo (PV-RJ), o vereador Ricardo Maranhão (PSB-RJ) e o deputado federal João Babá (PSOL-PA), que chegou a vestir a camisa da empresa. Para ele, a empresa aérea, é um patrimônio nacional, e a União deveria ser mais ativa, em busca de uma solução para resolver os problemas da companhia. "O governo não pode dar as costas à Varig", disse.