Funcionários da Schincariol temem demissão

Itu (AE) – A prisão de sete diretores da Schincariol deixou o clima tenso em Itu, a 98 quilômetros de São Paulo, onde fica a sede da empresa. A população prefere não opinar, por causa da influência da família Schincariol. Alguns funcionários temem a demissão e até o fechamento da Schincariol. Mas para o ex-prefeito Lázaro José Piunti a prisão já era esperada e até foi lenta.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas e Alimentação de Campinas e Região, Manoel Martins, muitos empregados telefonaram para a subsede local preocupados com a situação. "O sindicato está analisando, com o Departamento Jurídico da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos, qual ação tomar para tranqüilizar os trabalhadores. Há uma insegurança dos funcionários em virtude do volume (de imposto possivelmente sonegado), e até de que possa ser bloqueada a conta bancária da empresa", diz. "Se preocupam também com a empregabilidade, com o salário e até com a possível interdição da indústria." A Schincariol tem cerca de 2,5 mil trabalhadores em Itu. "É lamentável que uma empresa considerada idônea deixe acontecer isso."

Já Piunti afirma que esperava pelo fato. "Já era previsto. Ninguém fica rico da noite para o dia. Mas é uma tristeza para a cidade." Ele disse ainda que já havia comunicado o governo do Estado sobre a divergência entre a quantidade de carretas e o número de notas fiscais apresentadas. "Saíam de 100 a 120 carretas carregadas da fábrica toda noite e eram apresentadas dez notas. Itu toda sabia disso."

Segundo Piunti, por diversas vezes conversou com José Nelson Schincariol, fundador da cervejaria, morto em 2003, pedindo que pagasse os impostos. "Ele falava: ‘Se pagar o imposto neste País, fecha.’" Para o ex-prefeito, "a cidade não merecia passar pelo vexame". Sobre o porquê da Polícia Federal e da Receita tomarem atitudes só agora, diz: "A Polícia Federal mora longe e a Receita é muito lenta."

A maioria dos moradores prefere não falar sobre a prisão por causa da forte influência da família Schincariol na cidade, que até é patrocinadora do principal time de futebol da cidade, o Ituano.

Nas imediações da cervejaria, ainda há o medo, por parte de alguns caminhoneiros, do desemprego. Mas nem todos acreditam na hipótese. "Muita gente depende disso", ressalta um deles, que trabalha para a empresa há cerca de 15 anos.

A rotina foi mantida hoje na cervejaria. Na portaria, ninguém sabia responder quem assumiu o lugar dos diretores e irmãos Adriano e Alexandre Schincariol. De acordo com um funcionário, a Polícia Federal voltou hoje à fábrica. Os seguranças do condomínio Theodora, onde moram os irmãos, dizem que a ação da polícia foi tranqüila. Os vizinhos confirmam. "Nem vi nada", disse Maria Cristina Annes.

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