Brasília – O Ministério Público Federal questiona o fato de a Polícia Federal ter avisado com antecedência o presidente do Senado, Renan Calheiros, da Operação Mão-de-Obra, desencadeada em julho contra uma quadrilha de fraudes em licitações em órgãos públicos.
O presidente do Senado teria sido avisado no dia anterior à operação para designar um servidor que acompanhasse os trabalhos da polícia. A partir daí, foi indicado o diretor-geral da casa, Agaciel Maia, para acompanhar a ação, mas que, de acordo com o Ministério Público, era um dos alvos da investigação.
"Não sou investigado. No início de agosto fui ouvido como testemunha", disse Maia. Ele contou que foi avisado pelo presidente do Senado na madrugada do dia anterior sobre a operação. E que quando chegou, no início da manhã, ao Senado, diversos policiais esperavam para entrar na diretoria-geral. Segundo ele, os policiais pegaram o que quiseram.
Também rebateu acusações de que teria tirado documentos da sala e limpado computador. "É mentira", ressaltou. Ele não soube dizer o motivo das acusações contra ele. "Existe outro motivo, mas não sei dizer qual é", acredita.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma, não acredita que Renan Calheiros agiu de ?má-fé? ao pedir para o diretor do Senado acompanhar a diligência. ?Como o diretor-geral do Senado é de confiança dele, não pode a princípio levantar suspeita sobre ele?, disse. Para Tuma, o caso deve ser investigado. ?A Polícia está investigando e se concluir alguma coisa, as providências terão que ser tomadas?, observou.
A Polícia Federal divulgou nota oficial hoje (13) com um balanço das investigações da Operação Mão-de-Obra. A ação resultou no indiciamento, por parte da Polícia Federal, de 19 pessoas sob acusação de envolvimento em fraudes em licitações públicas. O Ministério Público apresentou denúncia à Justiça contra 18 pessoas com base no inquérito conduzido pela PF.