A Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas do Paraná (DEDC) ouviu nesta segunda-feira (27) os depoimentos das contadoras Cristiane Mafra de Araújo e Neuza Pereira de Paula e da tesoureira Ada de Souza Mendes ligadas às ongs Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e da Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec). ?Queremos saber exatamente como tudo era feito. Poderemos saber com mais precisão a quantidade do dinheiro desviado, o valor total deste golpe que atingiu muitos brasileiros?, disse o delegado Marcus Vinicius Michelotto, chefe da DEDC.

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Segundo Michelotto, os depoimentos devem revelar detalhes técnicos de como a contabilidade era maquiada para que os gerenciadores do esquema pudessem embolsar dois terços do dinheiro arrecadado.

Os mandados de prisão de dez das pessoas presas envolvidas no esquema vencem nesta segunda-feira (27). O delegado pediu a prorrogação da prisão preventiva dos irmãos Arnaldo e Waldemar Braz ? apontados pela polícia como os principais idealizadores e gerenciadores do esquema, além do administrador regional João César Chiquetto, das contadoras e da tesoureira, peças-chave do golpe, segundo a polícia. Caso a Justiça conceda a prorrogação, eles deverão ficar mais cinco dias presos.

De acordo com Michelotto, é possível que depois desse prazo seja pedida à Justiça a prisão preventiva dos acusados. ?Mesmo sendo libertados, todos serão indiciados. O depoimento de cada um trouxe informações consistentes para a investigação. A Justiça agora se encarregará de dar a sentença a eles?, disse Michelotto.

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Todos os gerentes da arrecadação nos estados foram ouvidos na última sexta-feira (24). No mesmo dia, ao vasculharem o carro da tesoureira Ada Mendes, os policiais encontraram R$ 198 mil dentro de uma mala marrom, escondida embaixo do banco de trás do veículo Ford Focus. ?Na sexta-feira divulgamos R$ 120, mas fizemos a recontagem e o valor correto é R$ 198 mil?, disse o delegado. Segundo ele, a tesoureira agora terá que explicar de onde veio o dinheiro encontrado.

Providências

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O caso será encaminhado para o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça das Fundações do Terceiro Setor. O órgão realizará a perícia contábil de todas as documentações apreendidas. Para que as duas ongs e suas filiais sejam fechadas definitivamente é necessário que o Ministério Público mova uma ação civil pública.

Outra fase da operação é apreender outros bens pertencentes aos dirigentes das duas ongs, como apartamentos e residências de luxo. ?Todo o patrimônio deles está sendo apreendido e a Polícia Civil do Paraná representará pelo seqüestro de bens ao Ministério Público Estadual, para que tudo o que foi doado pelas pessoas bem-intencionadas seja direcionado para sua finalidade inicial, que era o de ajudar os necessitados?, complementou o delegado.

Pharmako

Policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedec) prenderam, na manhã da última quinta-feira (23), 16 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que desviou pelo menos R$ 30 milhões, em 2005, em arrecadações conseguidas através de duas organizações não-governamentais de apoio a pessoas com câncer, que funcionavam desde 2002. A operação Pharmako cumpriu também 31 mandados de busca e apreensão simultaneamente em cidades do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.