Funcionária complica ainda mais situação de Ney Suassuna

Fica pior a cada dia a situação do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Em depoimento à corregedoria do Senado, a chefe de gabinete de Suassuna, Mônica Teixeira, afirmou que era o senador quem pedia para que ela assinasse documentos em seu lugar. Suassuna vem responsabilizando Mônica pela irregularidade. "Ela mostrou uma dose de amargura por ter o senador falado que ela teria falsificado sua assinatura", contou o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP). Mônica considerou desnecessário periciar algumas assinaturas de ofícios, a exemplo do que fez Suassuna para se defender, porque as reconheceu como suas.

Num trecho do depoimento, Mônica contou ter consultado Suassuna numa ocasião em que Marcelo Carvalho, então assessor do peemedebista, lhe pediu para que assinasse um documento no lugar do senador . "Eu liguei para o senador, porque eu não conhecia o Marcelo e disse: ‘Senador, não tem problema eu assinar o documento para o Marcelo?’ Ele falou: "Mas, mulher, por que você está me perguntando isso? O que você tem contra o Marcelo?’".

O assessor foi preso pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga e acabou demitido do gabinete. Sua irmã, Mariana Cardoso Azevedo, ainda trabalha lá, recebendo pelo cargo de confiança que ocupa, mesmo sem comparecer ao trabalho. Tuma lembrou que a PF identificou repasses do esquema para Marcelo no total de R$ 222,5 mil, sem que tenha sido confirmado até agora o favorecimento de Suassuna. Ainda assim, reconheceu que a situação do colega da Paraíba não é boa. "Estamos aqui investigando não um crime, mas sim a conduta ética de um senador", justificou.

O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-MA), confirmou para a próxima quarta-feira a votação do relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM) sobre o processo disciplinar por quebra de decoro contra Suassuna. Péres deve pedir a cassação do colega. Ele afirma que não haver indícios de que Suassuna tenha recebido propina, mas ainda assim entende que ele afrontou o decoro, por não ter aberto uma sindicância ou mesmo um inquérito policial quando soube que sua assinatura foi falsificada em documento envolvendo recursos vultosos. "Cada um tem a sua maneira de agir. Eu teria imediatamente pedido a abertura de um inquérito policial", frisou.

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