O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, informou hoje (22) que ainda não recebeu a notificação da Polícia Federal sobre a existência de 11 roças de maconha em terras pertencentes a índios guajajaras, no Maranhão. A Polícia Federal pretende destruir as plantações, mas precisa de autorização da Funai para iniciar a operação.

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"Eu não recebi a notificação da PF. Pode ser que a Funai tenha recebido, mas eu passei o dia inteiro no Itamaraty ontem e ninguém me comunicou sobre isso", disse Gomes, em entrevista à Rádio Nacional AM .

Na segunda-feira (20), o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência Regional da Polícia Federal no Maranhão, Rodrigo de Sá de Oliveira, afirmou que vai procurar a Funai esta semana para iniciar a operação em breve.

A ação está sendo planejada com base em relatório do Grupo Tático Aéreo (GTA), que é ligado à Secretaria de Segurança Pública do estado. Mércio Gomes afirmou que, assim que chegar a Funai, o pedido da Polícia Federal será analisado pela área jurídica.

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"Em geral, quando esses entorpecentes são descobertos para efeito de tráfico, a Polícia Federal vai e destrói sim. Mas se é para uso pessoal – em alguns casos, os índios guajajara usam maconha desde a época da escravidão ? a Funai não objeta isso de forma alguma, nem as leis brasileiras", explicou.

De acordo com o coordenador do GTA, Laércio Gomes Costa, a estimativa é de que haja cerca de 200 mil pés de maconha nas áreas identificadas no relatório. Segundo ele, estão envolvidos na produção índios e não índios.

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O presidente da Funai considerou a quantidade elevada para o consumo dos índios: "Duzentos 200 mil pés de maconha não pode ser para consumo. Certamente que nós vamos tomar a decisão legal que caiba nesse caso".

De acordo com o integrante do Conselho de Articulação dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima) José Arão Lopes, da etnia Guajajara, não índios entram em áreas indígenas, principalmente no Maranhão, e plantam maconha porque sabem que o acesso da polícia a essas áreas depende de autorização da Funai.

"Os não indígenas, os brancos, que muitas vezes são casados com as índias, aproveitam essa dificuldade de acesso das autoridades dentro da aldeia e fazem esse tipo de comercialização, plantando e, inclusive, traficando. Utilizam o nome do índio e até se classificam como índios para descaracterizar esse processo. Infelizmente, isso acaba complicando para o indígena".

José Arão Lopes disse ainda que é comum os guajajaras usarem a maconha nos seus rituais, principalmente nos trabalhos de cura, mas não para fins de comercialização.