Duas crianças negras vitimadas pela violência urbana no Brasil morrem para cada criança branca com o mesmo destino. A tragédia foi radiografada num levantamento realizado pelo Fundo para Infância e Adolescência da Organização das Nações Unidas (ONU), cumprindo o objetivo permanente de chamar a atenção das autoridades para a aflitiva situação.

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Os dados básicos do relatório foram extraídos do Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), à luz dos quais a Unicef traçou em linhas sombrias a influência negativa do racismo como fator de comprometimento de futuras gerações de cidadãos brasileiros.

Ainda de acordo com o Pnud, em 2006, a taxa de homicídios apurada entre a população negra do País foi o dobro da registrada entre brancos. Uma estatística do início da década mostrava que 14 adolescentes entre 15 e 18 anos morriam por dia no Brasil, dos quais 70% eram negros. Essas crianças também não se destacavam no aproveitamento escolar e, na juventude, tinham o sofrimento aumentado pela rejeição do mercado de trabalho.

Até 2015, o Brasil e mais 191 países filiados à ONU assumiram o compromisso da universalização do ensino básico, além de reduzir em dois terços – com base nos números de 1990 – a mortalidade de crianças de até cinco anos de idade. No ano passado, das 800 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola, 500 mil eram negras. Um quadro que poderá ficar ainda mais agudo, se as desigualdades sociais não forem eliminadas com medidas conseqüentes de progresso e desenvolvimento.

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