O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), informou, neste sábado, que seu partido vai avaliar a possibilidade de pedir a abertura de processo contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).

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De acordo com Freire, a notícia de que Severino teria recebido propina do dono de um dos restaurantes da Câmara pode justificar um procedimento de cassação no Conselho de Ética.

"Vamos analisar a denúncia, que parece bem fundamentada" afirmou Freire. "A acusação só piora a situação de Severino, contra quem já se consolidava a impressão de que não está à altura da presidência da Câmara." Líderes de praticamente todos os partidos estão preocupados com o aparente despreparo de Severino para lidar com a crise política e buscam uma saída para afastá-lo do comando da Câmara.

Os indícios são de que Severino recebeu uma espécie de "mensalinho" de R$ 10 mil do empresário Sebastião Augusto Buani, em troca da manutenção do contrato de exploração do restaurante. Num raciocínio marcado por certo humor, Freire lembrou a coindência de que tanto Severino quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são nascidos em Pernambuco, como ele próprio.

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"Estou envergonhado. Em primeiro lugar, um pernambucano comanda um governo que, além de incompetente, é corrupto", lamentou. "Agora, outro pernambucano está no centro de denúncias na Câmara."

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), avaliou que Severino pode perder o mandato e que até terça-feira estarão definidos os procedimentos exigidos para a denúncia contra o presidente da Câmara.

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A cassação do mandato de deputados, lembrou o tucano, está prevista nos casos comprovados de improbidade administrativa. Goldman disse que a confirmação de que Severino assinou um documento pessoal em favor da empresa concessionária do restaurante tornará difícil a situação do presidente da Câmara.

Goldman declarou que Severino terá de responder pelas acusações que fez contra o PSDB e o PFL, apontando-os como responsáveis pela denúncia. "Ou ele prova sua acusação ou terá de ser afastado por difamação contra os partidos", alegou. Confirmadas as denúncias, Goldman entende que a reação dos parlamentares contra o presidente da Câmara deve ser suprapartidária, com a exclusão dos deputados acusados nas atuais CPIs.

"Temos de tomar uma atitude que extrapole as lideranças formais dos partidos, por intermédio de lideranças informais que unem as pessoas de bem. Será a luta do bem contra o mal."

Já o líder do PP, deputado José Janene (PR), acusou "as elites da Câmara" de agirem contra Severino com o objetivo de retomar o comando da instituição: "Confio no presidente Severino.

Acho que tudo isso é uma armação muito grande contra ele." Janene afimou que as explicações de Severino não deixarão dúvida sobre sua conduta e previu que o próprio presidente da Câmara tomará a iniciativa de depor na CPI do Mensalão. "Tenho certeza de que o presidente não se furtará de falar espontaneamente à comissão", disse.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), integrante da CPI dos Correios, disse que é preciso empenho para que tudo seja esclarecido "de forma transparente, sem proteger ninguém". Ele avaliou que foram insuficientes as explicações apresentadas por Severino até agora: "Temos de pressionar para que a simples nota divulgada pelo presidente da Câmara não seja o ponto final da história."