Foi um dia especialmente memorável para 140 freiras de dezessete mosteiros da Federação das Irmãs Clarissas do Brasil, que vivem reclusas, mas receberam autorização especial para sair da clausura e ver o papa. O encontro aconteceu hoje na igreja construída especialmente para a visita do pontífice. Foi o primeiro compromisso de Bento XVI na Fazenda Esperança, em Pedrinhas, Guaratinguetá, onde chegou às 10h35 deste sábado (12).
Bento XVI dirigiu-se para o interior da capela, onde as freiras já o esperavam. Elas receberam o papa cantando "Bento, bendito que vem em nome do Senhor", hino oficial da visita do papa ao Brasil, escrito por frei Luiz Turra. "Todas as nossas orações são cantadas", explicou a irmã Maria Esther da Cruz, de 28 anos, há sete vivendo no Mosteiro Mater Christie, fundado em 2000 num casarão vizinho às terras do centro masculino da Fazenda Esperança, em Guaratinguetá.
Ali vivem oito irmãs. As demais vieram dos outros mosteiros espalhados pelo Brasil. De Bento XVI, as freiras ouviram palavras de incentivo, "um gesto de carinho do sucessor de Pedro às irmãs enclausuradas", por uma vocação em franco declínio. O papa agradeceu às irmãs pela retaguarda espiritual que dão ao trabalho de recuperação de dependentes químicos.
"Nesta Fazenda da Esperança unem-se as orações das Irmãs Clarissas ao trabalho árduo da medicina e da laborterapia para vencer as prisões e quebrar os grilhões das drogas que fazem sofrer os filhos amados de Deus." E, assim como em seu discurso aos jovens, voltou a falar em paixões. "É o Cristo ressuscitado que cura as feridas e salva os filhos e a filha de Deus, salva a humanidade da morte, do pecado e da escravidão das paixões.
Privilégio
"O mundo está sugando as pessoas e elas não têm mais tempo para Deus", disse irmã Maria Esther, emocionada com a fala do pontífice. "O papa é nossa autoridade maior e nos deu esse privilégio para que ouvíssemos suas palavras de incentivo." As irmãs entregaram a Bento XVI toalhas do altar bordadas e velas. Os objetos foram entregues à Fazenda Esperança, já que o papa não pode receber presentes pessoalmente.
Para muitas, foi a primeira vez fora dos muros dos mosteiros, desde que fizeram os votos pela vida religiosa de oração e contemplação. Antes do encontro, elas só se conheciam por carta ou telefone. Ao se encontrarem, na sexta-feira, e à espera do grande dia de encontro com o papa, o falatório rapidamente tomou conta dos aposentos do mosteiro, normalmente silencioso.