As distribuidoras de energia elétrica brasileiras deixaram de receber quase R$ 3,6 bilhões, no ano passado, por conta do uso clandestino e também das fraudes contra a medição do consumo de eletricidade. O cálculo é da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) e tem por base as chamadas perdas comerciais das empresas, definidas como a diferença entre a quantidade de energia que foi consumida e a que foi faturada.
Preocupada com o montante desse prejuízo e diante da constatação de que, a cada ano, ele fica maior, a Abradee irá promover, em parceria com a Copel, no dia 9 de novembro, em Curitiba, seminário nacional sobre furto e fraude de energia e roubo de condutores e equipamentos.
“É importante ressaltar que o furto de materiais e equipamentos de um sistema de serviço público como o de energia elétrica, por exemplo, ultrapassa o mero prejuízo financeiro da reposição”, observou o diretor de distribuição da Copel, Rubens Ghilardi. “Trata-se de uma questão social da maior gravidade, pois, da ação dos criminosos, podem resultar a interrupção no fornecimento de eletricidade a milhares de pessoas.”
Segundo o diretor, o mesmo pode ser dito da ação maliciosa de quem frauda ou permite que sejam manipulados os mecanismos de medição do consumo de energia. “Os custos de produção, transporte e distribuição de eletricidade acabam refletidos na tarifa cobrada de todos”, informou Ghilardi. “Expondo a questão de maneira clara, a energia que os espertos tentam não pagar vai pesar no bolso de todos os demais.”
Prejuízos
O valor da receita frustrada das concessionárias equivale ao faturamento anual de uma empresa de grande porte como o da Copel, estatal paranaense que atende a 3,1 milhões de ligações e que comercializou, no ano passado, 18,7 milhões de megawatts-horas.
Ao faturamento não concretizado, em razão de gatos e fraudes na medição, devem ser somados os crescentes prejuízos decorrentes do roubo de materiais e equipamentos das redes. Só a reposição do material subtraído em 2003 (quase 1.500 km de cabos e 906 equipamentos de diversos tipos) custou R$ 10,6 milhões para um grupo de 12 empresas que, juntas, representam o atendimento a pouco menos da metade do mercado consumidor brasileiro.