Franceses elogiam coragem do PR pela luta contra transgênicos

“Não foi por acaso que nós viemos ao Paraná. Viemos aqui para manifestar de maneira clara todo o nosso apoio ao Governo. A decisão do governador Roberto Requião foi politicamente corajosa e tecnicamente confiável”, declarou Pascale Loget, vice-governadora da Bretanha. Pascale liderou uma missão francesa que veio ao Paraná conhecer toda a cadeia produtiva da soja convencional. Segundo ela, na Europa a opção paranaense por uma agricultura durável e sustentável é clara é conhecida.

“O Paraná é um Estado que está cumprindo o que foi acertado na Agenda 21, realizada durante a Eco 92, no Rio de Janeiro”, disse. Segundo Pascale cerca de 80% da população francesa já se manifestou contra a presença de transgênicos tanto da alimentação direta como na indireta, via leite ou carne. A vinda dos franceses ao Paraná culminou com a assinatura de uma declaração de intenções.

A vice-governadora salientou que o objetivo da missão não era assinar contratos, mas confirmar a segurança de que a soja do Paraná é isenta de transgênicos. “Quando retornamos para a Europa nós vamos deixar claro que na França, na Alemanha, na Áustria, na Itália ou na Bélgica que o Estado do Paraná está desenvolvendo um trabalho sério e competente e que pode assegurar o fornecimento para suprir a demanda européia por soja livre de transgenia”, afirmou Pascale.

A França importa entre cinco e seis milhões de toneladas de soja brasileira por ano. Segundo Pascale, o país não tem intenção de aumenta a importação, mas direcionar a compra para garantir um produto de maior qualidade, livre de transgênicos. A vice-governadora salientou que já existem relações comerciais entre cooperativas francesas e paranaenses em relação ao comércio de soja. “Esse não é um começo de história, mas agora temos a segurança que teremos um produto que atende o ensejo da população francesa”, disse Pascale.

A área da região da Bretanha representa apenas 5% do território francês, mas produz mais de 60% do que é consumido no país em termos de aves, suínos e leite. Segundo Yvan Le Mevel, representante do Conselho Agrícola da Bretanha, a Bretanha produz 20% do leite consumido pela França, sendo a primeira região em produção leiteira. “Além disso, somos a maior região produtora de suínos da Europa, respondendo por 61% da produção, e criamos 35% das aves da França, o que nos caracteriza como região de indústria agroalimentar importante”, citou Mevel.

René Louail, representante da Confederação Campesina Francesa e coordenador da Federação Campesina Européia, fez questão de dizer que é totalmente favorável a declaração de intenções firmada entre o conselho regional francês e o Governo do Estado para comercialização de soja convencional. “Essa declaração é a primeira hoje na Europa. O que significa dizer que existe uma real vontade no mundo agrícola de buscar um caminho que não seja o dos transgênicos”, afirmou. A Federação Campesina reúne 25 associações presentes em 15 países.

Opção

Pascale afirmou que a opção por não-transgênicos não é apenas uma questão técnica, mas uma questão social. Segundo ela, os organismos geneticamente modificados representam uma cultura ligada a grandes grupos econômicos, enquanto a cultura convencional privilegia os pequenos agricultores.

“A política adotada no Paraná leva ao aumento do número de agricultores que conseguem se manter no campo e viver de seu trabalho. Além disso, proporciona uma alimentação mais saudável e o estímulo pela biodivesidade”, disse a vice-governadora. Para ela, a agricultura deve ser voltada para as necessidade básicas do produtor e se desenvolver de forma autônoma.

“Agricultura sem transgênicos é também uma oposição ao domínio de uma tecnologia de produzir sementes, como é o caso da Monsanto”, reforçou René Louail. Para ele, a decisão de liberar ou não o plantio de transgênicos deve ter obrigatoriamente a participação popular. Segundo ele, na Europa desde 1995 produtores, consumidores e ecologistas debatem sobre o uso de transgênicos.

Produção

Nos próximos dias 13 e 14 haverá na Bélgica uma reunião da Federação Campesina com 15 países diferentes e Louail adiantou que irá apresentar o documento firmado entre o Paraná e a Bretanha. “Quero que todos tenham conhecimento da intenção dos dois Estados. Também vou fazer um relatório de tudo o que presenciei no Paraná para que os países europeus conheçam a postura do governador Roberto Requião”, disse.

Segundo Louail, somente a Espanha continua a permitir a produção de culturas transgênicas em seu território. Na França, na Bélgica e na Alemanha a presença da cultura de organismos geneticamente modificados está restrita a pequenas áreas de ensaios. “A França tinha uma área prevista para ensaios de somente 50 hectares. Hoje restam menos de 8 hectares porque os próprios agricultores destruíram essas áreas”, narrou. Louail também reforçou que na Itália as áreas de ensaios também estão diminuindo cada vez mais e que na Grã-Bretanha há um grande debate em relação aos transgênicos. 

PARA SABER:

– Os maiores países produtores de soja são Estados Unidos, Brasil e Argentina. Nos EUA, 80% da soja plantada é transgênica e na Argentina o índice é de 98%. No Brasil, apenas 8% da produção é geneticamente modificada.

– A última safra paranaense colheu 10,1 milhões de toneladas de soja. Foi a segunda maior produção da história do Paraná.

– Apenas em 2003, o Porto de Paranaguá exportou cerca de 6 mi de toneladas de soja convencional.

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