Parte dos trabalhadores da Volkswagen no ABC paulista, berço da indústria automotiva no Brasil, entrou num autêntico inferno astral ao receber carta do departamento de recursos humanos da empresa, com o fatídico aviso de demissão em novembro próximo.
Uma barretada há muito tempo em ensaio nos setores relevantes da economia, como as montadoras e, em outras palavras, uma evidência de que se a política econômica praticada pelo governo brasileiro foi a quintessência do protecionismo para alguns segmentos – os bancos de maneira especial – outros sofreram ou estão sofrendo os abalos tardios dos juros elevados, do câmbio desfavorável para a exportação e, sobretudo, da compressão do poder aquisitivo das camadas médias da sociedade.
Os trabalhadores da indústria automotiva, outrora a elite da classe operária atraída para o eldorado da Grande São Paulo, hoje são o símbolo de um fracasso anunciado que poderá ter conseqüências desastrosas sobre o complexo montado para atender as exigências de um setor sofisticado da indústria.
Líderes sindicais voltaram a aparecer nos portões das fábricas, nas mudanças de turno, mas embora sua presença conforte os companheiros avisados de demissão, este é um nó a ser desatado sob a égide duma política de Estado, ao que parece tão desconhecida quanto o lado oculto da Lua.