Fósseis brasileiros com 270 milhões de anos são vendidos em sites internacionais, de países como Alemanha e Estados Unidos. A atividade é ilegal segundo a legislação brasileira, mas corrente há muitos anos e conhecida por pesquisadores e governo.
O material foi retirado de uma floresta fossilizada no norte do Tocantins, área transformada em unidade de conservação pelo Estado recentemente. Os sites contêm a indicação da origem: Bielândia, distrito com cerca de 2 mil habitantes localizado dentro da área protegida.
Em um site alemão especializado, o Fossilien, o material é vendido em fatias polidas e descrito como de grande beleza por suas cores. Também é possível encontrar facilmente fósseis brasileiros no site de leilão virtual eBay – um vendedor conta ter comprado a peça em exposição em Tucson, cidade americana que concentra grandes feiras de fósseis, e disse ter vindo ao Brasil em busca de um ?vendedor que pudesse exportar legalmente? as pedras.
O jornal O Estado de S. Paulo tentou contatar os vendedores por e-mail e telefone por três dias, mas não obteve resposta.
Alemanha e EUA aparecem freqüentemente entre os principais destinos dos fósseis coletados ilegalmente no País. O comércio é permitido lá e ambos os países não participam de uma convenção da Unesco que visa a coibir o tráfico de material paleontológico e arqueológico.
As peças alimentam coleções particulares e museus e são estudados por cientistas estrangeiros, sem a participação de brasileiros. Quase 1 tonelada de material retirado do Tocantins, por exemplo, está no Museu de História Natural de Chemnitz, na Alemanha, e serviu de fonte para a publicação de artigos científicos.
Segundo a procuradora federal Ana Cristina Bandeira Lins, é possível pedir a devolução de tais peças, mas o processo é demorado e difícil. Ela participou recentemente de uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores para traçar uma estratégia e seguir o caminho de Argentina e China, países igualmente espoliados que brigam pelo retorno de seus fósseis.