O 2º Fórum Social Brasileiro, a ser realizado em abril, no Recife (PE), deverá ter como principal tema a revisão da maneira como os movimentos sociais se relacionam com o governo no país, avalia o empresário e ativista Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial.
"Os governos, em geral, não gostam de receber críticas. Se a sociedade civil não o fizer, quem vai fazer? Pouca gente tem a liberdade de dizer certas coisas dentro do governo", diz Grajew, que, entre 2003 e 2004, também foi assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O empresário esteve em Caracas para participar do 6º Fórum Social Mundial, encerrado no domingo. Para ele, a oportunidade de rever a postura dos movimentos representa um "amadurecimento" importante, inclusive porque diversos representantes da sociedade civil ocuparam ou ocupam cargos no governo.
"Os movimentos estão com dificuldade para cobrar certas coisas. Isso é ruim, porque faz com que o governo se sinta pouco pressionado", avalia Grajew, para quem a revisão dessa postura não implica em afastamento. "A idéia não é afastar-se, mas é preciso conservar a independência para cobrar, avaliar, fiscalizar", afirma.
O empresário lembra que, com a recente ascensão de diversas lideranças de esquerda em governos nacionais na América Latina, esse desafio da independência da sociedade civil diante dos governos vai se repetir em outros países.
