Em janeiro de 2001 reuniu-se em Porto Alegre o primeiro Fórum Social Mundial. Desde então, o evento repetiu-se todos os anos e o próximo, quinta edição, será de 26 a 31 deste mês, também na capital gaúcha.
Trata-se de um gigantesco evento que reúne milhares de pensadores e debatedores vindos de praticamente todos os países do mundo. Eles têm em comum posições ideológicas de esquerda e uma vontade insistente em mudar o mundo, vendo estabelecerem-se políticas que resolvam seus problemas sociais. São anticapitalistas, não necessariamente marxistas, contrários à globalização e ao chamado neoliberalismo.
Dir-se-á que têm muita coisa em comum, só que no atacado. Dentro da lista de temas do fórum vamos encontrar, este ano, em diversos locais preparados na região do cais do porto da capital gaúcha: Pensamento autônomo; Diversidades, pluralidades e identidades; Arte e criação: culturas e resistências; Comunicação; Bens comuns da Terra; Lutas sociais e alternativas; Paz e desmilitarização; Ordem democrática internacional; Economias soberanas; Direitos humanos; e Ética e cosmovisões.
O tamanho do evento e a multiplicidade de temas, além da diversidade de opiniões dos participantes sobre cada um deles, já deixa dúvidas sobre se é um evento produtivo. Os demais não foram. Não se montaram projetos objetivos capazes de mudar o mundo. E mudar o mundo é o que pretendem os participantes.
Lula, desde que assumiu, vem participando desses fóruns e, em seguida, vai para a Europa integrar encontro anual dos países ricos, mais seletivo, tradutor de interesses de nações abonadas e poderosas, que em geral resolvem os seus próprios problemas, sem nenhuma consideração mais séria para com os que são levantados em Porto Alegre. Comparecendo aos dois encontros, Lula dá uma no cravo e outra na ferradura. Quer solucionar os problemas sociais do mundo, proclama-se de esquerda e socialista, mas não ignora que no capitalismo ou no neocapitalismo, com a aquiescência ou comando dos países ricos, é que os problemas têm sido conduzidos.
Nesta edição do Fórum Social Mundial provavelmente faltará o que já faltou nos anteriores: objetividade. Infelizmente, a profusão de discursos, passeatas, protestos e bandeiras desfraldadas, que serão vistos em Porto Alegre, não constituem propostas concretas e factíveis capazes de semear um mundo melhor. Os problemas levantados serão reais. Faltarão as soluções.