O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), eleito presidente da Câmara dos Deputados por engenho e arte da atual conjuntura política nacional, em que as tradições e costumes foram todos colocados de cabeça para baixo e, melhor será admitir, os homens passaram a andar de costas, é uma das personalidades em destaque na República.
Estamos cientes da extensão da afirmativa, dos efeitos burlescos que a mesma tem gerado nos últimos tempos e mesmo dos riscos pendentes sobre as instituições democráticas, à mercê dos inesperados estilos de pensar e agir desembarcados em postos importantes da vida pública.
Severino está aplicando um verdadeiro baile no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu conterrâneo de Pernambuco, que parece não ter aproveitado as artes do estadista de João Alfredo para aprender um pouco mais das sutilezas da política feita no varejo. Quem sabe, teria evitado a série de fracassos de seu governo no Congresso Nacional, onde até esse momento não conseguiu uma só vitória relevante.
Ali quem manda é Severino, o cabra de peia do agreste, que diz na bucha e não manda recado. O pensamento vivo do presidente da Câmara, que dia a dia é incorporado ao anedotário da política brasileira, tem igualmente muita lição oportuna. Uma delas foi proclamada, dia desses, em evento no interior paulista.
De acordo com Severino, a base do governo Lula no Congresso esfacelou-se por inteiro. Não mais existe. É apenas memória. E não há como discordar dessa verdade que se abateu sobre o governo como um tornado.
As bancadas que sustentam a política lulista, armadas com base num cálculo estrutural sem a menor consistência, tampouco resistiram aos primeiros embates. O comprometimento das vigas mestras ficou visível desde sempre, exibindo-se agora como um edifício torto e inseguro que afunda cada dia mais.
O presidente Lula tem pouco tempo para arrumar a casa e botar, efetivamente, o bloco na rua. Logo terá de falar às massas, em busca do acalentado sonho do segundo mandato. Seu discurso de campanha terá o mesmo poder de convencimento de quatro anos atrás?