Brasília – A expectativa do Congresso é a de que pouco do relatório final da CPI dos Correios seja aproveitado, apesar do documento confirmar a existência do mensalão e pedir o indiciamento de mais de cem pessoas, entre as quais, os ex-ministros do governo Lula José Dirceu e o Luiz Gushiken. O documento será enviado ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, responsável por investigar autoridades com foro especial ou privilegiado, no Supremo Tribunal Federal (STF) É muito provável que o inquérito seja desmembrado e que permaneçam no STF e sob a responsabilidade do procurador-geral apenas as investigações de fatos atribuídos a autoridades como congressistas.
A outra parte, sobre o suposto envolvimento de pessoas comuns, sem foro privilegiado, deve ser encaminhada a procuradores da República que atuam na Justiça de 1ª. Instância e apuram irregularidades na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT).
Após receber o material da CPI, o procurador-geral terá de fazer uma espécie de triagem. Ele não é obrigado a seguir as recomendações da CPI. Parte dessa documentação pode ser juntada ao inquérito que já tramita no STF. Outra parte pode provocar a abertura de novas investigações, independentes. E se ele concluir que já há elementos para denunciar alguém com base, apenas, no trabalho da CPI poderá fazê-lo. No entanto, como o procurador-geral é tido como cuidadoso, a expectativa é que isso não ocorra.
Desde meados do ano passado, o procurador-geral apura as suspeitas de pagamento de mesadas a parlamentares. As apurações integram um imenso inquérito que tramita no STF em segredo de Justiça. Procurado durante os últimos três dias para falar sobre a investigação, Souza não quis dar nenhum detalhe. Apesar das freqüentes negativas, ele tem sinalizado que em breve tomará uma decisão no inquérito que pode ser a de denunciar suspeitos.