São Paulo (AE) – O presidente da Ford América do Sul e Brasil, Antônio Maciel Neto, estima queda de 30% a 40% nas exportações de "produtos tradicionais" da companhia em 2006, em conseqüência da desvalorização do dólar ante o real. Segundo ele as exportações de veículos lançados há menos tempo, como o EcoSport e o Novo Fiesta, devem continuar a crescer. O problema da variação cambial deve atingir principalmente os veículos mais antigos, como o Fiesta hatch.
Para o executivo, o atual câmbio torna a indústria brasileira menos competitiva para exportar e é um risco para a manutenção dos contratos. "São acordos viabilizados por esforços que começaram três ou quatro anos atrás". Outra questão que preocupa a Ford é a retirada do desconto de 40% sobre as alíquotas de importação de autopeças, conforme medida tomada pela Receita Federal no dia 19. "É mais um fator para aumentar nossos custos".
Segundo Maciel, a Ford do Brasil entrou num novo ciclo de investimentos, com a aprovação da produção de um novo carro na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), a ser lançado em 2008. A empresa não divulgou o valor do aporte. Especula-se que seja um carro popular (no jargão automotivo, para o segmento de entrada no mercado). "Não sei se será um veículo de entrada, mas certamente será um veículo de combate", disse Maciel.
A montadora conta com a manutenção do acordo feito com governador paulista Geraldo Alckmin em janeiro para receber créditos do ICMS para este novo projeto. O governo federal ameaça não mandar recursos relativos aos créditos para os Estados, mas ontem (26) Alckmin garantiu à montadora General Motors (GM) que ela receberá os recursos.
Maciel participou hoje, na sede do Grupo Estado, do Seminário "Novo Mapa do Brasil". A montadora apostou na Região Nordeste com a inauguração, em 2001, do complexo industrial Ford Nordeste, em Camaçari (BA). Segundo Maciel, os investimentos acumulados na fábrica já somam US$ 1,9 bilhão, sendo US$ 1,2 bilhão por parte da Ford e o restante, dos fornecedores.
A Ford já antecipou todas as metas de produção, exportação e criação de empregos em Camaçari previstas para 2007. A capacidade instalada é de 250 mil veículos por ano com a produção dos modelos Novo Fiesta, Fiesta Sedan e EcoSport. A unidade opera em três turnos desde agosto de 2004 e emprega 8,5 mil funcionários, entre montadora e fornecedores. Em 2005 a fábrica baiana espera quebrar recordes de exportação e produção.
Para Maciel, o sucesso do empreendimento foi um dos motivos para a recuperação financeira da Ford na América do Sul, que teve lucro de US$ 261 milhões na região até setembro, o melhor resultado em 10 anos.