Gionédis afirma que não teve qualquer ingerência. |
Desde agosto do ano passado, data da primeira denúncia, a Justiça Federal já pronunciou quatro sentenças, com a condenação de 18 pessoas envolvidas em possíveis esquemas fraudulentos. A última sentença, proferida pelo juiz da 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, condenou 14 pessoas, entre ex-diretores, ex-gerentes e ex-assessores do Banestado, por participação em um esquema fraudulento de remessa de divisas ao exterior entre os anos de 1996 e 1997, a penas que variam de 12 anos e oito meses de reclusão a quatro anos em regime aberto. Cabe recurso sobre a sentença.
Nessa ação, o MPF conseguiu provar que cerca de R$ 2,4 bilhões foram remetidos ao exterior nesse período por meio de 91 contas correntes comuns abertas em nome de pessoas sem capacidade econômica para mantê-las. Esse valor é parte dos mais de US$ 24 bilhões que, segundo cálculos da Polícia Federal, teriam sido expatriados por meio de contas de domiciliados no exterior entre abril de 1996 e janeiro de 2000. Desse volume, cerca de US$ 5,6 bilhões teriam saído por meio do Banestado.
Na semana passada, a força-tarefa emitiu uma nota condenando os vazamentos de informações de operações financeiras realizadas por meio do MTB, banco com sede em Nova York. Segundo os procuradores, o Ministério Público Federal também recebeu uma cópia da lista de movimentações financeiras nesse banco oferecida pela Justiça americana à CPI do Banestado. “(As informações) estão sendo analisadas minuciosamente pela força-tarefa, que integra procuradores da República, policiais e peritos federais e servidores da Receita Federal”, diz a nota.
O comunicado da força-tarefa garante que nenhuma informação saiu do MPF no Paraná. “Discrição na condução das investigações relacionadas ao caso Banestado tem sido a marca registrada desta força-tarefa. Especialmente pelo fato de que, ao invés de auxiliar a punição dos responsáveis por graves crimes de lavagem de dinheiro, o vazamento de informações sigilosas prejudica – e muito – o trabalho de investigação para que se chegue aos nomes dos verdadeiros donos dos recursos enviados ilegalmente ao exterior, ou lá mantidos.”
Na última sexta-feira (13), o juiz federal substituto da 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Marcus Holz, acatou denúncia contra o ex-chefe da Casa Civil do Paraná e ex-presidente do Conselho do Banco do Estado do Paraná, Giovani Gionédis, como mandante de crimes de gestão fraudulenta e formação de quadrilha. A denúncia aponta que ele teria avalizado entre 96 e 98, empréstimos irregulares a três empresas de publicidade com juros abaixo do mercado e, como garantia, eram recebidas duplicatas simuladas. O Banestado teria tido prejuízo de R$ 1,7 milhão. O ex-secretário nega. “Nunca tive qualquer ingerência”, afirma.
As ações penais que o MPF têm apresentado à Justiça baseiam-se em dados obtidos pela força-tarefa e CPI do Banestado instalada na Assembléia Legislativa, que teve os trabalhos encerrados no fim do ano passado. Num trabalho que somou 38.747 páginas, os deputados estaduais investigaram, sobretudo, o endividamento do Banestado, que acabou levando à sua privatização. A conclusão foi de que, entre os fatores que contribuíram com a crise na instituição financeira, estão as gestões temerárias de alguns diretores e algumas operações de CC-5, que minaram a sua credibilidade. A CPI trabalhou durante oito meses, quebrando o sigilo bancário e fiscal de 17 pessoas físicas e 14 pessoas jurídicas.
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