A Força Sindical decidiu hoje, em São Paulo, após três horas de reunião, liberar os 1.843 sindicatos filiados à entidade para apoiarem qualquer um dos candidatos a presidente no segundo turno – Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B-PCB-PMN) ou José Serra (PSDB-PMDB). ?Grande parte dos sindicatos, cerca de 70%, vai apoiar Lula. Os outros, 30%, apoiam Serra?, afirmou o presidente da entidade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Segundo ele, a Força Sindical possui uma tradição de ?pluralismo? e ?não seria justo uma maioria enquadrar a minoria?.
Segundo Paulinho, 170 dirigentes nacionais da Força, de um total de 212, participaram da reunião. Desses, 62, que pertencem à direção executiva, tiveram direito a voto, o que resultou no placar de 39 em prol da liberação das associações de trabalhadores e 23 pelo apoio aos candidatos da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B-PCB-PMN), ou da Grande Aliança, José Serra (PSDB-PMDB).
No primeiro turno, dos 212 dirigentes nacionais, 207 manifestaram apoio pela candidatura do ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, que tinha Paulinho como candidato a vice-presidente. Outros três diretores aderiram a Lula e dois mantiveram-se neutros.
O presidente da Força Sindical, que tornou público o voto no candidato da Coligação Lula Presidente, informou que poderá participar da campanha de Lula, se for convidado, e ressaltou que qualquer filiado poderá usar material de divulgação da entidade para os candidatos.
Paulinho ressalvou, no entanto, que a decisão de liberar os sindicatos não significa que a central sindical apoiará o próximo presidente do País, seja quem for. ?Vamos discutir essa relação com o próximo governo após as eleições?, afirmou.
Por conta dessa pluralidade, o presidente da Força admitiu que a organização tem ?boas relações? com Lula e Serra e, que por esse motivo, a melhor saída foi a de tornar as bases livres para apoiarem quem quiser. ?Nossa central tem pé em todas as canoas porque tem gente de todos os partidos aqui dentro. Foi assim que construímos essa central?, argumentou.
O fundador da entidade e deputado Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) criticou a resolução do encontro dos dirigentes.
?Isso é um retrocesso para a Força. Meses atrás, decidimos que a central participaria da eleição como oposição e, na época, a vitória majoritária foi por Ciro Gomes. Acho que a central deveria continuar como oposição, com o Lula, e liberar os sindicatos agora é uma incoerência?, opinou.
Paulinho e Medeiros travaram um debate durante a entrevista coletiva. ?Eu, que voto em Lula, pedi para que liberassem e gostaria que você respeitasse?, afirmou o presidente da central sindical a deputado do PL de São Paulo.
?Eu respeito, mas é uma incoerência?, retrucou Medeiros. ?Você defendeu essa posição lá na assembléia e perdeu. Vamos respeitar?, insistiu Paulinho, e complementou, em tom nervoso: ?Eu já falei o que tinha para falar. Se quiserem, vocês continuem a entrevista coletiva.? O deputado do PL preferiu encerrar o assunto e também se retirou.
Os 1.843 sindicatos ligados à Força Sindical em todo o País representam 14 milhões de trabalhadores, de acordo com dados da central.