A Força Sindical definiu hoje que vai lutar pelo salário mínimo de R$ 240,00. Essa foi uma das propostas da plenária dos dirigentes estaduais da entidade, realizada hoje, em Praia Grande, litoral Sul de São Paulo, e que fixou os pontos para o encontro com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para o dia 26. Para o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, Lula poderá ter problemas no início de seu governo caso a inflação cresça. ?Se isso ocorrer – e é o que estamos prevendo, vamos ter um começo de governo com muita paralisação?, disse ele.

Essa questão foi discutida em Praia Grande e a entidade não vai pedir a adoção do gatilho salarial, que é acionado quando a inflação acumule um determinado percentual. ?Já tivemos uma experiência ruim com o gatilho no governo Sarney e o trabalhador perdeu muito?, comentou, ressaltando que essa é uma medida responsável e ?também para evitar que sejamos acusados de provocar problemas para o governo Lula?. Entretanto, ressaltou que quando as perdas acumularem ?oito ou dez por cento, vamos exigir a reposição em negociações ou com as greves?.

Essa previsão de aumento da inflação reforça também a reivindicação do salário mínimo de R$ 240,00. ?É provável que a inflação atinja 18% até abril e, assim, só haveria a reposição das perdas?. Na expectativa do encontro com Lula, Paulinho evitou definir a posição da entidade em relação ao próximo governo. ?A Força não é situação nem oposição e quem faz oposição são os partidos políticos?. Ele irá encaminhar as propostas de sua entidade e ver o que acontece. ?Caso o governo cumpra, vamos aplaudir, caso não cumpra, falaremos mal dele?.

Paulo Pereira da Silva separa bem o Lula ex-metalúrgico e líder sindical do Lula presidente. ?É preciso entender que, como presidente da República, ele não representa o trabalhador; está lá para resolver os problemas do Brasil?. Como as soluções passam pelo Congresso Nacional e por pressão da sociedade, acha que o trabalho será grande. ?Quem mais pressiona leva mais, é a regra, e se o trabalhador quiser manter seus direitos, salários e empregos, deverá pressionar também o governo?.

Propostas – As propostas aprovadas hoje em Praia Grande servirão de base para os grupos de estudos de cada setor, antes da apresentação ao presidente Lula. Além do aumento do salário mínimo, a Força defende a redução de 10% na jornada de trabalho e a unificação da previdência social dos trabalhadores da iniciativa privada e e dos funcionários públicos, limitando a aposentadoria a dez salários mínimos.

Em relação à reestruturação sindical, os dirigentes da Força querem o fim da unicidade sindical, ao mesmo tempo que deverá ser adotado o contrato coletivo nacional por categoria. Prega o fim das taxas cobradas dos trabalhadores pelos sindicatos, como imposto sindical e contribuição confederativa, por uma contribuição negocial, ajustada nas negociações salariais. Querem também a legalização das centrais sindicais. No plano da reforma tributária, propõem desonerar a produção, passando a tributar os consumidores.

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