O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, disse há pouco que nesses
dois anos de sua gestão nunca recebeu pressão do governo para abafar denúncias
contra autoridades. "Uma das coisas mais importantes e bonitas que tem
acontecido é que este procurador da República desenvolve um diálogo franco e
leal com o governo, com muita clareza e tranqüilidade", afirmou ele ao responder
pergunta sobre a existência de uma possível pressão para tentar bloquear os
processos de apuração de denúncias de eventuais irregularidades envolvendo o
presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência,
Romero Jucá.
Ele esteve há pouco com o presidente do Senado, Renan
Calheiros, a quem pediu pressa na votação do projeto de lei que trata da escolha
dos membros do Ministério Público da União.
Fonteles não quis comentar a
situação do ministro Romero Jucá alegando tratar-se de um problema político.
"Procurador não faz juízo político. Faz sim juízo jurídico. Esta pergunta deve
ser feita ao ministro ou ao governo", disse.
Ao comentar a declaração do
presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, de que antes do Legislativo, cabe ao
Judiciário resolver o problema do nepotismo, Cláudio Fonteles afirmou que no
Ministério Público não há situação de nepotismo. Ele não quis estender seu
comentário, limitando-se a dizer que pessoalmente acha que a figura do nepotismo
"não se enquadra dentro dos princípios de moralidade pública".