Fome de Pantagruel

Não é motivo de lisonja para o governo, embora a ele sejam creditadas as principais razões do formidável lucro acumulado pelos cinco maiores bancos do País nos três anos da administração Luiz Inácio Lula da Silva, 28% maior que o resultado obtido nos oitos anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O feito é pois monumental e não há como diminuir sua grandiloqüência, de tal sorte que as instituições bancárias têm justificada razão para soltar muitíssimos rojões. Entre 2003 e 2005 as agências que mercadejam dinheiro auferiram lucro líquido de R$ 44,125 bilhões, sendo que só no ano passado a cifra atingiu R$ 18,4 bilhões, a maior margem dos últimos onze anos.

Política monetária extremamente rígida no combate à inflação, condenada por sua dureza por inúmeras escolas econômicas, ao propiciar a elevação das taxas de juros e estimular a concessão de crédito mesmo pela via questionável das políticas compensatórias, entregou de bandeja aos bancos o arsenal necessário para chegar a uma lucratividade jamais alcançada.

Na falta de expansão planificada da produção industrial, uma das razões determinantes do êxito da política econômica em qualquer país, no Brasil do início do século XXI acabou surgindo uma nova indústria -a dos empréstimos – uma atividade que os bancos souberam catalizar com apetite pantagruélico.

A definição oportuna é de autoria do presidente da consultoria Economática, Fernando Excel, com base na avaliação de desempenho das carteiras de crédito do Unibanco, Itaú, Santander e Banco do Brasil. Em 2005 as instituições emprestaram R$ 173 bilhões, com crescimento real de 11,6% em relação ao período anterior. Há três anos esse valor era 60% menor que o atual.

A prestação de serviços bancários rendeu ao quarteto a apreciável receita de quase R$ 2 bilhões, muito embora o direito mais elementar do público – atendimento rápido e eficiente – não tenha sido equacionado com a mesma prodigalidade do lucro.

O aspecto inusitado é que esses bancos ganharam mais dinheiro no ano passado, puxados pelas altas taxas de juros, que os cinco maiores congêneres nos Estados Unidos, a matriz do capitalismo globalizado. Uma lição que deve estar custando a ser assimilada pelos especialistas contratados a peso de ouro pela poderosa corporação de Wall Street…

O presidente Lula pode até pensar de outra maneira e anda por aí apregoando que nenhum governo fez tanto pelos pobres. Os proprietários e acionistas dos grandes bancos estão plenamente de acordo.

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