ACIDENTE

Fogos de artifício do réveillon podem ter causado morte de filhote de onça em Foz do Iguaçu

Filhote sobrevivente passa bem no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu: animal tem pelagem escura. Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

Os fogos de artifício do réveillon podem ter causado a morte de um dos dois filhotes de onça-pintada nascidos no fim de dezembro no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), mantido pela Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. A oncinha foi encontrada morta na manhã do dia 1º de janeiro. Segundo o médico veterinário do refúgio, Wanderlei de Moraes, a morte pode ter sido por um sufocamento acidental causado pela mãe ao se deitar sobre os filhotes na tentativa de protegê-los do barulho dos rojões. O outro filhote passa bem.

“Os felinos têm audição muito boa e qualquer barulho diferente pode aumentar o instinto de proteção da mãe. Como ela é inexperiente com a maternidade, pode ter se descuidado e deitado sobre um dos filhotes quando os fogos começaram”, esclarece o veterinário.

A direção do RBV aguarda um laudo laboratorial para determinar a causa exata da morte do filhote, uma fêmea. Segundo Moraes, as onças foram mantidas em um cativeiro especial na noite da virada de ano justamente para tentar diminuir o impacto do barulho dos rojões.

O nascimento foi o primeiro da espécie no refúgio, cuja reprodução é rara em cativeiro. Por isso a morte da pequena onça-pintada representa uma perda significativa para a espécie, que está ameaçada de extinção desde 1982. Nos últimos dez anos houve apenas sete nascimentos de onças-pintadas em cativeiro no Brasil.

O outro filhote passa bem

O filhote sobrevivente, por sua vez, passa bem. De acordo com o veterinário do refúgio, o animal está dentro do peso ideal, com 2,6 kg, registrado na última segunda-feira (9). Além disso, a oncinha tem característica melânica, ou seja, é preta, o que não é comum para filhotes nascidos em cativeiro.

O recém-nascido é fruto da união entre a fêmea Nena, de três anos, resgatada na divisa entre Mato Grosso e Goiás em 2016, e do macho Valente, de nove anos, morador antigo do refúgio.

Depois de feita a pesagem, o filhote de onça-pintada voltou ao contato com Nena. A mãe está fora de exposição para o público desde o final da gestação, no início de dezembro, para evitar estresse.

Mãe e filha ficarão juntas por pelo menos seis meses até que a oncinha tenha condições de se alimentar sozinha e nadar. A partir de então, ambas poderão permanecer soltas na área de exposição do RBV, onde existe um pequeno lago.

* Colaborou Cecilia Tümler

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