O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jorge Marquez-Ruarte, elogiou a política econômica do futuro governo brasileiro. ?Parece que os mercados internacionais vão responder muito bem ao governo do presidente eleito?, disse, após encontrar-se com o coordenador da transição, Antônio Palocci Filho, e o coordenador-adjunto, Luiz Gushiken. ?As políticas econômicas que estão sendo propostas são muito prudentes e apropriadas.? ?Tivemos acordo em muitas coisas e levamos uma boa impressão?, concordou o diretor-assistente do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Lorenzo Perez. ?Existe muita afinidade.? Perez informou que ?conversas mais concretas sobre política econômica? não ocorreram nesse encontro.
Por essa razão, as discussões sobre uma eventual elevação da meta fiscal do País ficaram para a próxima revisão do acordo, em fevereiro. Atualmente, essa meta, referente ao resultado primário do setor público consolidado (diferença entre receitas e despesas, exceto gastos com juros, dos governos federal, estaduais, municipais e empresas estatais) está fixado em 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2003. Prevaleceu, portanto, a posição do governo brasileiro, de só discutir esse tema no ano que vem.
Os gastos sociais foram um dos focos da reunião. ?Mostramos ao FMI que há uma expectativa grande sobre as mudanças que o Brasil deseja fazer?, disse Palocci. ?Falamos sobre o programa de combate à fome, eleito como prioridade e que o presidente Lula não adiará de forma nenhuma, e essa questão foi vista com tranqüilidade.? O coordenador da transição ressaltou, porém, que a prioridade nos gastos sociais não será feita às custas do abandono do compromisso com a estabilidade econômica. ?O governo tem seu projeto de trabalho, sua política econômica, suas metas, seus compromissos. Ao lado disso, foram estabelecidos contratos. À medida em que se encare a necessidade de cumprir esses contratos, o País não deve abrir mão de suas políticas?, explicou. ?Temos dimensão das dificuldades, mas também temos clareza que fizemos um programa para quatro anos, não para quatro dias.?
O chefe da missão do FMI indicou que não há, por parte da instituição, predisposição contrária às despesas em programas sociais. ?Os gastos que se fazem por motivos prioritários do governo são gastos bem feitos. O que tem importância é saber como eles estão sendo feitos?, afirmou Marquez-Ruarte.
Palocci deixou claro que há boa disposição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de encontrar-se com o diretor-gerente do FMI, Horst Kohler, em dezembro. No entanto, há um problema de agenda, pois a vinda de Kohler coincidiria com a ida de Lula aos Estados Unidos. ?Mas, se houver interesse, acho possível buscar entendimento com o presidente eleito?, comentou.