O católico Flávio Luiz Trivella não pode responder tudo o que lhe perguntam sobre a visita do papa Bento XVI ao Brasil. Razões de segurança o impedem. Não pode, por exemplo, dizer se o papa usará colete à prova de balas. Trivella, que é delegado da Polícia Federal, estará mais próximo de Joseph Ratzinger do que a maioria dos hierarcas da Igreja. O que lhe permitirá esse acesso ao líder espiritual de sua religião é o fato de ele ter sido escolhido para exercer uma função especial: a de mosca ou sombra do papa. Se algo der errado e um fanático atentar contra Ratzinger, ele é que salvará Bento XVI, retirando-o dali ou protegendo-o com o próprio corpo e vida.
Não que isso seja algo novo na vida de Trivella. Há pouco mais de um mês, o delegado desempenhou função semelhante para um alvo muito mais visado: o presidente americano George Bush. ?Ele elogiou muito o nosso trabalho e me deu um bóton da presidência? revela com orgulho o policial. O homem de 44 anos mostra preocupação ao falar sobre seu trabalho. ?Terei a visão de onde o papa estiver que me permitirá enxergar todos os pontos frágeis que devem ser sanados.
Como sua função já diz, ele ficará sempre nas costas do papa a pé e no papamóvel. ?Não podemos ser tão ostensivos como no caso do Bush. No caso do papa, a segurança tem de existir mas não pode ser aparente.? Outros cinco agentes federais estarão constantemente com Bento XVI. Um deles será o motorista do papamóvel. Os outros quatro acompanharão Trivela nos deslocamentos a pé do papa. ?Haverá um módulo em forma de losango em torno de Sua Santidade deslocando-se com o papa sem atrapalhá-lo. Todos os agentes foram escolhidos a dedo.?