O Flamengo demorou 46 rodadas para, enfim, apresentar um futebol convincente no Campeonato Brasileiro. Venceu o Cruzeiro por 6 a 2, em Volta Redonda (RJ), e livrou-se do rebaixamento. O placar poderia ter sido mais elástico, tal a quantidade de oportunidades desperdiçadas pelo Rubro-Negro. O craque da equipe, Felipe, fechou com grande estilo a goleada. Já nos acréscimos da segunda etapa, driblou um adversário e, de fora da área, deu um toque sutil por cima do goleiro.
A bola entrou a poucos centímetros do travessão. Na comemoração, tirou a camisa e foi reverenciado pelos colegas.
Ao time do Cruzeiro, campeão brasileiro de 2003, restou assistir em campo à exibição do Flamengo. O visitante até que criou chances, esbarrando algumas vezes na categoria do goleiro Julio Cesar.
O jogo começou nervoso e muito corrido. A torcida do Flamengo lotou o Estádio da Cidadania, incentivou a equipe, mas demonstrou impaciência no início, com os erros de passe e de finalização. O zagueiro André Bahia, envolvido numa briga judicial com o clube, foi quem abriu o marcador, numa cabeçada, aos 27 minutos. O lance incendiou o Rubro-Negro. A partir de então, o Flamengo passou a atacar com mais confiança e logo conseguiu fazer o segundo gol, com Ibson, desequilibrado, escorando passe de Felipe.
O Cruzeiro, atordoado, deu a saída de bola e foi surpreendido logo na jogada seguinte do Flamengo, numa conclusão de Whellinton de fora da área: 3 a 0. Com a vantagem, os atletas da equipe carioca pareciam festejar um título. Julio Cesar era quem mais vibrava. Aos 37, no entanto, a defesa do Flamengo bobeou e Fred aproveitou cruzamento de Wagner para diminuir.
Os gols surgiam em seqüência. O 4 a 1 veio ainda no primeiro tempo e novamente por intermédio de André Bahia. Ele usou a cabeça mais uma vez para superar o goleiro Doni. O Cruzeiro voltaria a descontar antes do intervalo, com Tápia, num chute de dentro da área.
O esboço de reação do Cruzeiro serviu de alerta para o Flamengo. A conversa entre o técnico Andrade e os atletas, no intervalo, versou sobre como administrar o placar de 4 a 2. Era preciso concentração total, ele avisou. Nada de comemorar a permanência do clube na Primeira Divisão antes do término da partida. Os resultados da rodada beneficiavam o Flamengo, mas Andrade queria mais. Foi atendido por Athirson. O lateral cobrou com perfeição uma falta na intermediária e consolidou a goleada.
Na arquibancada, os flamenguistas já não ligavam para o jogo. Com radinhos de pilha, queriam saber informações sobre outras partidas; se o Botafogo cairia, se o Santos seria mesmo o campeão, derrotando o maior rival do Rubro-Negro, o Vasco. Andrade, o diretor-técnico Júnior e outros dirigentes se abraçavam à beira do campo, esperando o apito final. Não imaginavam que Felipe ainda prestaria uma bela homenagem ao futebol nos últimos dias de 2004.
