A chance de o Brasil atingir o grau de investimento em 2008 é inferior a 50%, disse o diretor-executivo da agência de classificação de risco Fitch, Rafael Guedes. Segundo ele, quando um país está com perspectiva estável, o prazo para ter um upgrade (melhoria) demora pelo menos dois anos. Atingir o grau de investimento significa um nível no qual só são colocados emissores de dívida com baixa probabilidade de dar calote.
Guedes afirmou que o Brasil teve melhoras expressivas na suas contas externas, o que motivou os últimos upgrades recebidos. Mas, a partir de agora, fatores como o elevado endividamento do governo, baixo ritmo de crescimento econômico e falta de perspectivas na realização de reformas macroeconômicas que melhorem estes indicadores serão decisivos para novas elevações na nota de risco do País.
Ele enfatizou a situação da dívida bruta brasileira, que deve fechar 2007 em 65,8% do Produto Interno Bruto (PIB), como um dos indicadores em que o País mais destoa daqueles que já são investment grade. Ele citou, por exemplo, o Chile, que tem uma dívida de apenas 19% do PIB.
Outro fator em que o Brasil ainda precisa melhorar muito para ter uma elevação é no prazo de sua dívida, que hoje é de apenas 32 meses. Ele destacou que houve uma melhora significativa no perfil da dívida, mas o País não conseguiu aumentar seu prazo de vencimento. Mesmo com o perfil melhor, Guedes ainda considera muito elevada a participação de papéis atrelados à Selic na composição da dívida, e avalia que a parcela prefixada também precisa ser aumentada.
"Mas o Brasil tem feito um trabalho muito bom no gerenciamento de seu endividamento", afirmou, ao lembrar também que houve uma redução muito significativa na dívida externa e na parcela interna atrelada ao dólar.