Fita mostra esquema nos Correios já em 2002

O sub-relator de Contratos da CPI dos Correios, José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), exibiu hoje trechos de uma fita de vídeo que, segundo ele, reforçam a tese de pagamento de propinas a funcionários dos Correios e da empresa VarigLog em troca da primazia das empresas de transportes Beta e Skymaster nos contratos com a estatal. Outro trecho sugere sonegação fiscal de 50% dos tributos que deveriam ser pagos supostamente pelas duas transportadoras.

A fita foi exibida durante depoimento do dono da Beta, Ioannis Amerssonis, à sub-relatoria. No início do depoimento, Amerssonis disse nunca ter participado de reuniões na Beta em que se falasse em "acerto" com os Correios ou com a VarigLog. O empresário negou que sua empresa tenha pago propina para se beneficiar de contratos. Segundo Cardozo, a fita foi gravada em 2002, mas não se sabe o mês.

O cenário é o escritório do então presidente da Beta, Antônio Augusto Morato, na sede da empresa, em São Paulo. Além de Morato, estão na sala Ioannis Amerssonis e um funcionário da área de finanças identificado como William. Na maior parte do tempo, Morato e William analisam uma planilha de gastos conjunta da Beta e da Skymaster e Amerssonis observa, fazendo alguns comentários. O presidente e o funcionário discutem quanto caberia a cada empresa em pagamentos e previsões de faturamento com contratos dos Correios.

Segundo Cardozo, a planilha analisada na reunião é semelhante à que está em poder da CPI, de abril de 2002, em que são relacionadas as contas da Beta e da Skymaster. Dois itens chamaram a atenção do sub-relator. O que diz "acerto ECT", no valor de R$ 123.047,02, indicando "2,5% sobre faturamento líquido" e, abaixo, "acerto VG", que Cardozo identifica como VarigLog, e o valor de R$ 7.794,90 e "comissão de 1,5%".

O sub-relator sustenta que a propina começou a ser paga quando a VarigLog perdeu um contrato com os Correios, em junho de 2001, por não cumprimento dos serviços. No dia seguinte, a Skymaster fez um contrato emergencial com a estatal e, segundo Cardozo, a mesma empresa venceu um pregão dia 24 de dezembro, continuando a prestação de serviços ao correio noturno. "A Beta e a Skymaster tinham um acordo de dividir os contratos com os Correios. O mensalão foi pago à estatal e à VarigLog para garantir a manutenção do conluio", diz Cardozo. Em nota, Morato afirma que "o diálogo não traduz irregularidade alguma". A Skymaster também tem desmentido pagamento de propinas

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