Técnicos da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) de Pato Branco, no Sudoeste do Estado, interditaram nesta segunda-feira (5), 7,5 mil quilos do agrotóxico Roundup Transorb e Original. Outros 56 mil quilos dos produtos da Monsanto estão interditados em Pato Branco e Coronel Vivida desde setembro de 2002, quando também foram interditados oito mil quilos dos agrotóxicos Dormex e Poast. Com isso, 71,5 toneladas dos herbicidas estão retidos nos dois municípios.

Na época, os técnicos da SEAB da Região descobriram que tanto a Monsanto como a Basf omitiram das bulas registradas no Ministério da Agricultura os graves problemas de saúde que os venenos causam aos agricultores e ao meio ambiente.

A Monsanto, por exemplo, omitiu das bulas as quase cem doenças que o uso dos produtos podem acarretar aos produtores, como convulsões, perturbação mental e psicose, edema pulmonar, queimadura de córneas e de lábios e dores pulmonares e musculares. Porém, na própria bula, a Monsanto adverte para os problemas ambientais que o uso do agrotóxico pode causar: “Este produto é muito perigoso ao meio ambiente e não deve ser utilizado próximo a rios por causa das contaminações ambientais”, avisa a bula.

O mais grave é que a lista com os problemas consta do livro “Procedimentos Clínicos em Caso de Exposição do Herbicida Roundup”, que foi traduzido, publicado e distribuído no país pela própria multinacional. Outro problema grave são as diferenças sobre as formas de tratamento em casos de intoxicação encontradas no livro e na bula da Monsanto, o que pode dificultar o tratamento das doenças.

No sábado (4), o governador Roberto Requião determinou que os produtos das duas multinacionais fossem apreendidas em todo o Paraná por causa dos problemas identificados pelos técnicos.

O agrônomo Rudimar Luiz Pereira dos Santos, da SEAB de Pato Branco e que descobriu o problema em 2002, conta que na época a Monsanto foi avisada dos problemas e ganhou vinte dias para fazer as correções das bula. Mas até agora, a multinacional não resolveu o problema.

“Não vamos permitir que os agricultores paranaenses sejam prejudicados e sofram problemas de saúde em função dessas omissões das multinacionais. Conforme determinação do governador, estamos interditando esses produtos hoje e vamos intensificar a fiscalização em toda a região”, afirmou Santos.

BASF

Os oito mil quilos de agrotóxicos da multinacional Basf estão interditados em Pato Branco e Coronel Vivida desde setembro de 2002, também por problemas nas bulas.

Na época, a empresa recorreu da interdição na Justiça Federal, que concedeu liminar favorável à empresa em setembro do ano passado. Só que o Ministério Público Federal alertou à Justiça Federal que a liminar era ilegal e que a decisão cabia à Justiça do Paraná.

A liminar então foi cassada e hoje o processo está sendo avaliado pelo Tribunal de Justiça do Paraná.

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