Apesar de a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, ter exonerado 40 fiscais em cargos de chefia por causa do escândalo de extorsão e remessa ilegal de dólares para a Suíça, o próprio governo do Estado admite que não tem como substituir imediatamente esses funcionários.
Pelo menos dois de oito superintendentes exonerados no último dia 21 continuam exercendo suas funções na Secretaria Estadual de Fazenda. A exoneração, publicada em edição especial do Diário Oficial, foi anunciada pela equipe da governadora como uma das medidas para erradicar todos os possíveis envolvidos no esquema de corrupção que seria liderado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, ex-subsecretário de Administração Tributária da gestão Anthony Garotinho.
Os superintendentes Denis Feitosa Pacheco, da área de Arrecadação, e Pedro Gonçalves Diniz Filho, do setor de Cadastro e Informações Econômico-Fiscais, não chegaram a abandonar seus cargos. Não foram renomeados, mas continuam no trabalho normalmente. Procurados pela reportagem, eles não foram localizados. Funcionários da Arrecadação disseram que Pacheco estava em uma reunião e não poderia ser interrompido. No setor de Cadastro, a informação é que Diniz Filho está de férias e só volta a trabalhar em fevereiro.
A reportagem apurou que, além dos superintendentes, alguns outros chefes da secretaria exonerados no dia 21 já voltaram às suas funções. O contador-geral da secretaria, Nestor Lima de Andrade, até chegou a ser renomeado para o cargo. ?No meu caso, foi um engano?, afirmou. ?Não conheço o Silveirinha nem tenho nenhum envolvimento nesse caso. Então, fui renomeado imediatamente.? A assessoria de imprensa do secretário de Finanças, Mário Tinoco informou que não teve condições de substituir os dois superintentendes como previa a decisão inicial da governadora porque esses funcionários exercem funções ?muito técnicas e especializadas?, ?o que torna muito difícil encontrar pessoas para ocupar esses cargos?. ?As medidas da governadora têm sido muito contraditórias. Se queria mesmo punir culpados, tinha que primeiro apurar as responsabilidades antes de sair exonerando?, critica João Bosco, presidente do Sindicato dos Fiscais do Estado do Rio de Janeiro.
Bosco vem reclamando do tratamento que a classe vem recebendo do atual governo. ?Sabemos que há fiscais corruptos assim como há governadores corruptos. O que não se pode fazer é generalizar?, atacou. Na quinta-feira, os fiscais realizam uma assembléia para avaliar se entram na Justiça contra o governo. (Recepção 100%)