São Paulo (AE) – Os fiscais federais agropecuários anunciaram que vão entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (07). A paralisação, decidida em assembléia da semana passada, é por tempo indeterminado. A categoria é responsável pela fiscalização de zoonoses como a gripe aviária e a febre aftosa dentro do território nacional. Além disso, encarrega-se do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que certifica os produtos agropecuários que entram e saem do Brasil. Uma paralisação prolongada da categoria tem, por isso, poder para prejudicar o desempenho das exportações brasileiras.
Segundo a Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA), há atualmente 4.500 profissionais trabalhando na área. A assembléia realizada na semana passada decidiu que apenas aqueles que estão trabalhando em áreas fundamentais, como a da febre aftosa e da gripe aviária, não vão parar.
O diretor de comunicação da Anffa, Adriano da Silva Guahyba, espera que a adesão aproxime-se de 100%. "Tomo por base a greve que fizemos em 2002, que teve uma adesão quase total", explica. Os fiscais federais têm uma lista de reivindicações ao Ministério da Agricultura. Segundo Guahyba, a categoria protocolou 30 ofícios com seus pedidos e a diretoria da Anffa só foi recebida uma vez para negociações. "Mas o governo não nos ofereceu nada de concreto", afirmou.
A Anffa afirma que o governo jamais cumpriu o acordo que havia encerrado a greve dos fiscais em 2002. "Havia sido negociado que a gratificação dos funcionários da ativa seria estendida aos aposentados, mas isso não ocorreu", explica. Além disso, a categoria pede uma reestruturação do plano de carreira. "Temos uma das funções mais complexas e somos a carreira de Estado que tem pior remuneração", defende Guahyba.
A Anffa também reivindica o fim do contingenciamento das verbas para defesa sanitária. "O surto da aftosa foi uma tragédia anunciada, já havíamos alertado a Casa Civil sobre o risco de problemas sanitários por causa da falta de recursos", diz o sindicalista. Por fim, a categoria quer chamar a atenção para um projeto de lei que quer flexibilizar a inspeção sanitária, estendendo poderes do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para a esfera dos municípios e Estados. "Isso vai comprometer a qualidade dos produtos brasileiros e vai ameaçar a saúde da população", diz Guahyba.