A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)preparou para quinta-feira (01) uma espécie de desagravo ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, marcando um almoço em homenagem dele e convidando empresários de renome nacional. "Palocci é o símbolo do modelo que estamos perseguindo há muitos anos. A defesa da economia nada tem a ver com eleição ou com partido político", afirmou o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, dizendo que estão confirmadas as presenças dos empresários Antônio Ermírio de Moraes (Votorantim), Cláudio Vaz (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Daniel Klabin e Germando Gerdau. "O Paulo Skaf (presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também foi convidado. Espero que venha", provocou Vieira.
Há duas semanas, Skaf declarou, publicamente, que o País não sairia prejudicado com uma eventual saída de Palocci do governo e, nas críticas à política econômica, defendeu a ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN), instância máxima de decisão da política monetária. O ministro da Fazenda confirmou a presença ao evento da Firjan e deve fazer do encontro uma tribuna em defesa das bases da política econômica de longo prazo, classificada de "rudimentar", no início do mês, pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff . Dilma expôs divergências em relação à linha de Palocci e detonou uma nova crise na administração federal.
O presidente da Firjan nega que a entidade tome partido no confronto ministerial. "A ministra Dilma tem feito um trabalho excelente. Apenas fez algumas considerações sobre a moldura da política econômica. Uma coisa é divergir, outra é propor uma correção de rumo. O ministro Palocci é o símbolo da austeridade fiscal. (O evento) não é bem um desagravo, mas um ato de apoio ao ministro. Há uma divergência profunda em relação ao que o Paulo (Skaf) falou e nossa posição", afirmou.
Embora tenha sido descrito por Vieira como "de adesão ao Brasil", o almoço não será cobrado. "A Firjan ainda pode oferecer um cardápio", brincou, dizendo que o evento foi programado durante o fim de semana. Mas nem a marcação em cima da hora e nem a indefinição em relação à atual crise envolvendo a chefe da Casa Civil e o ministro serão capazes de esvaziar a reunião, na opinião dele.