O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Paulo Picchetti, revisou nesta segunda-feira (27) a sua projeção da inflação para novembro de 0,50% para 0,40%, na capital paulista. Segundo ele, a previsão foi alterada porque, depois de muita confusão, provocada pela Prefeitura de São Paulo, em torno da data de vigência da nova tarifa de ônibus, finalmente foi decidido pelo dia 30 deste mês, para coincidir com as novas tarifas de metrô e trens metropolitanos, que são administrados pelo governo do Estado. Com a definição na nova vigência na passagem de ônibus na próxima quinta-feira, o impacto total do aumento passou para dezembro.
Antes do anúncio de alta da passagem de ônibus, de 15%, de R$ 2 para R$ 2,30, Picchetti esperava um índice de 0,30% para novembro. Depois, com o anúncio do aumento, que inicialmente passaria a valer no dia 25 deste mês, ele puxou esta estimativa para 0,50%. Só para lembrar, o peso da passagem de ônibus no orçamento das famílias é de 4,40% no IPC-Fipe.
Ainda no âmbito dos transportes públicos em São Paulo, as passagens de metrô e trem sofreram uma elevação de 9,52%, de R$ 2,10 para R$ 2,30, para também entrar em vigor no dia 30 deste mês. Com isso, o bilhete integração (ônibus-metrô-trem) subiu de R$ 3 para R$ 3,50.
Além disso, por causa dos aumentos na capital, os ônibus de linhas intermunicipais também devem subir um pouco, de acordo com Picchetti. Portanto, no geral, o impacto de Transportes sobre o IPC-Fipe será de 0,71 ponto porcentual ao longo de dezembro.
Uma curiosidade sobre nova previsão de 0,40% para o índice de novembro é que esta taxa está em linha com o nível que está sendo verificado nas últimas quatro quadrissemanas medidas pela Fipe. "Isso indica que a inflação tem andando de lado e que os aumentos, que têm sido registrados em alguns serviços e produtos são pontuais e não têm nada a ver com demanda", disse o economista, acrescentando que, daqui para o começo de 2007, esse deverá ser o comportamento dos indicadores de preços, que devem refletir impactos de mensalidades escolares e tributos, como IPVA e IPTU.
IPC de dezembro
A inflação de dezembro, medida pelo IPC-Fipe, no município de São Paulo deve nascer com piso de 0,83%, segundo previu Picchetti. No entanto, diz ele, o índice poderá chegar a 1%, considerando que o seu núcleo está na casa de 0,20% ao mês, ou seja, a taxa da inflação livre de aumentos considerados pelo economista como pontuais.
O piso da inflação para dezembro, estimado por Picchetti, considera o impacto de 0,71 ponto porcentual (pp) dos transportes públicos, mais uma pressão de 0,05 pp vindo do aumento dos cigarros e uma influência de 0,07 pp do aumento de 9 3% dos pacotes de viagens.
Para o ano, Picchetti manteve sua projeção de 2,80% para o IPC, levando em conta que no acumulado de 2006, até a terceira quadrissemana de novembro, o índice já acumula uma alta de 1 50%.