São Paulo, 27 (AE) – Dias após o governo admitir uma meta de inflação mais folgada para o ano que vem, de 5,1% em lugar de 4,5%, depois de ter subido a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação, dois indicadores divulgados hoje (27) mostram que os índices de preços ao consumidor estão em queda. Também a expectativa do mercado financeiro apurada pelo Banco Central (BC) para a inflação deste ano e do próximo diminuiu.
O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) fechou a terceira quadrissemana deste mês em 0,32%, com recuo de 0,24 ponto porcentual em relação à segunda prévia de setembro. Pela quarta semana consecutiva, a inflação na cidade de São Paulo ficou abaixo da prévia anterior. O coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, revisou a projeção do índice para este mês, de 0,40% para 0 35%.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) teve uma trajetória semelhante. Na terceira semana deste mês, o indicador ficou em 0,19%, com queda de 0,16 ponto porcentual na comparação com a semana anterior. Foi a terceira desaceleração consecutiva do indicador, depois de ter encerrado agosto com alta de 0,91%.
“Por trás do resultado do IPC-Fipe desta quadrissemana estão claramente a queda do grupo alimentação e a desaceleração dos administrados”,afirmou Picchetti. O preço da alimentos foi o principal alívio para a inflação. O grupo apresentou uma deflação de 0,41% no período, contribuindo com nove itens entre as dez principais quedas de preços no período.
A inflação na capital paulista já iniciará outubro com um impacto de 0,17 ponto porcentual, segundo cálculos de Picchetti. De acordo com ele, essa previsão pode ser feita porque o item água/esgoto deve contribuir com uma alta de 0,10 ponto porcentual no próximo mês e o telefone fixo, com 0,07 ponto porcentual, proveniente da segunda parcela de aumento em razão da mudança do índice de correção.
Picchetti acredita, no entanto, que os preços administrados não vão tirar a inflação do controle, já que espera uma variação média de 0,40% nos últimos três meses do ano. Ele observou que esses dois itens (água e telefone) estão na contramão do desempenho do s preços administrados.
Energia elétrica, por exemplo, contribuiu com 0,15 ponto porcentual para o IPC da terceira quadrissemana de setembro e deve fechar o mês em 0,07 ponto porcentual. Assistência médica deve encerrar setembro com participação de 0,03 ponto porcentual no índice porque ainda há contratos com vencimento ao longo do mês. Água e esgoto contribuiu para o IPC da terceira quadrissemana com 0,01 ponto porcentual. A telefonia fixa, que foi responsável por 0,02 ponto porcentual da inflação, deve chegar ao final do mês com participação de 0,03 ponto porcentual.
Na análise de Pichetti, os preços dos produtos industrializados devem contar a história da inflação na capital paulista até o fim do ano. Ele projeta que a inflação média do último trimestre deve ficar em 0,40%, o que torna factível sua previsão de que o IPC encerre 2004 em 6%. “A emoção que sobra para o fim do ano fica por conta dos preços dos combustíveis.”
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