Fiorellagate

Apesar de já haver divulgado nada menos de três notas oficiais, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, do PP de Pernambuco, não consegue fazer acreditar que não recebeu uma boa nota, um ?mensalinho? de R$ 10.000,00 do proprietário do Restaurante Fiorella, que funciona num dos anexos da Câmara. A história é bem plausível quando vêm à luz, saindo das trevas do poder, dezenas e dezenas de maracutaias, de mensalões a gigantescos caixas 2. Por que não um ?mensalinho??

O folclórico presidente Severino Cavalcanti – que se encontra num hotel de alto luxo junto ao Central Park, em Nova York, representando o parlamento brasileiro num encontro promovido pela ONU -, quando era primeiro secretário da Câmara comandava as contratações da Casa. Concessões, como a do restaurante, eram de sua obrigação, mas, por lei, tinha limitações. Tinha de obedecer a normas que regulam licitações, inclusive tempo de concessão, e só podia assinar os contratos com outros membros da mesa.

Sebastião Augusto Buani, proprietário do Fiorella, para garantir um tempo maior de concessão, já que ela estava expirando, teria acertado com Severino um mensalinho de R$ 10.000,00 e o pagamento de uma propina de R$ 40.000,00, metade para o hoje presidente da Casa e a outra para o deputado Gonzaga Patriota, do PSB de Pernambuco.

O aumento do prazo da concessão, que terminou há poucos dias, foi objeto de um documento assinado por Severino Cavalcanti ao arrepio do Regulamento dos Procedimentos Licitatórios e da Lei de Licitações 8.666, cuja infração dá ?cana? de até quatro anos. Por Severino ser um agente público, o crime seria de concussão e aí a pena de prisão vai de 2 a 8 anos.

Nos seus desmentidos, Severino falou em chantagem, manobra do PSDB e PFL para derrubá-lo, de não ter assinado o documento ou tê-lo assinado sem ler. Já o deputado Gonzaga Patriota, depois de tudo negar, acabou dizendo que foi remunerado por ser advogado e haver assessorado, como tal, o então primeiro secretário e hoje presidente da Câmara dos Deputados. Teria recebido grossos honorários para aconselhar a assinatura de um documento completamente ilegal e que implica em prática de crime. Merece, portanto, perder seu diploma de bacharel em Direito.

Tudo pareceu estar se transformando em pizza quando o denunciante, Sebastião Buani, proprietário do Fiorella, em uma segunda declaração, desmentiu a primeira. Nada teria pago. Mas não esperava que seu funcionário e ex-gerente do restaurante, Izeilton Carvalho de Souza, aparecesse para tudo confirmar. Houve o mensalinho. E, de qualquer forma, Severino não poderia assinar o dito documento sem ler, quanto mais lendo-o, pois era evidentemente ilegal. Gestor da coisa pública que assina sem ler não se qualifica para o cargo, principalmente se é um posto que envolve altas responsabilidades e dinheiro do povo.

Há inquérito, PFL, PSDB, PDT, PV e PPS já decidiram acusar Severino Cavalcanti à Comissão de Ética na próxima terça-feira e ele, que não quis se afastar do cargo para facilitar as investigações, poderá ser cassado.

Ou tudo pode dar em pizza e, ao invés de quatro anos de cadeia para Severino, quem sabe se o sempre bondoso e enganado eleitorado nordestino não lhe dará, em reeleição, mais quatro de mandato?

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