No fim de semana, era uma questão de tempo. Agora, não é mais. A InBev, empresa brasileira oriunda, no final das contas, da Antarctica e da Brahma (que se fundiram e criaram a AmBev, que depois adquiriu a belga Interbrew para virar a InBev), comprou a Anheuser-Busch, empresa de bebidas norte-americana que fabrica, entre outras marcas, a Budweiser, quase um sinônimo de cerveja.
O anúncio foi feito ontem, e a InBev, através de seu presidente, Carlos Brito (que deverá ser o comandante da nova empresa), confirmou o valor de US$ 52 bilhões pago pelos brasileiros e belgas pela Anheuser-Busch. Com o orgulho ferido, os jornais dos Estados Unidos chamam Brito de ?rei das cervejas?, apelido que eles dão à Budweiser, ou simplesmente Bud.
Um país que se arvora em querer se intitular ?pai? do capitalismo moderno recebeu um choque e tanto. Mais uma empresa que simboliza a terra do Tio Sam está nas mãos dos ?emergentes?. Foi assim, por exemplo, com a divisão de computadores da IBM, negociada com a coreana Lenovo.
É justamente isto que os norte-americanos não aceitam. O crescimento dos países em desenvolvimento permite que fortunas sejam criadas rapidamente pelo menos em termos históricos. Os controladores da agora InBev Anheuser-Busch, os brasileiros Marcel Telles, Carlos Alberto Sicupira e Jorge Paulo Lemann conquistaram o mundo em 35 anos, o tempo que levaram de administradores de fundos no Rio de Janeiro para fincarem o pé na América do Norte com a quarta maior empresa de consumo do mundo.
Mas não é simplesmente por aproveitar cenários favoráveis que os brasileiros estão brilhando no exterior. Telles, Sicupira e Lemann criaram um ideário de competência inimaginável no Brasil burocrata e arredio às lideranças impositivas. São capitalistas no melhor sentido da palavra. São brilhantes investidores, não cansam de ousar e arriscar em empreitadas de grande porte e não se afastam de seus objetivos até conquistá-los, nem que seja comprando-os. Era bom que todos nós aprendêssemos com eles.
