Vai terminar de forma melancólica e, para muitos observadores, de maneira indesejável, a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), estatal instituída para operar o transporte ferroviário no País, cujo patrimônio é calculado em quarenta bilhões. Foi a informação transmitida pelo relator da MP 246, que propõe a extinção da referida empresa, deputado Inaldo Leitão (PL-PB).
Acumulando descomunal passivo de equívocos administrativos, a maioria com origem em conluios políticos, favorecimentos e desvios de recursos, a RFFSA enredou-se em suas próprias malhas e acabou repartida em várias empresas menores repassadas à iniciativa privada.
Como em outros setores, os prejuízos incalculáveis amontoados pela Rede – sempre cobertos pelo Tesouro – jamais foram motivo da preocupação governamental, sempre amarrada a acordos partidários de sustentação, que entregaram a gestão de setores estratégicos a pessoas despreparadas.
Um vício da política brasileira, que continua cobrando pesado ônus da sociedade, donde foi extraída a maior parte dos recursos necessários para a implantação de corporações semelhantes à ex-estatal ferroviária. Por exemplo, as dívidas trabalhistas, trilhos, estações, armazéns e equipamentos sucateados, que compõem o retrato final de uma extraordinária prestadora de serviços para o desenvolvimento nacional.
A RFFSA chegou a operar em 26 mil quilômetros pelo território brasileiro, mas hoje esse percurso foi encurtado para 16 mil quilômetros pelas empresas privadas, mostrando total desinteresse pelas regiões onde as perspectivas de lucro imediato são menos promissoras.
Mesmo com a decisão de extinguir a RFFSA, o governo mostra-se disposto a continuar vertendo dinheiro para socorrer uma empresa ferroviária vítima de gestão irresponsável, que assim voltaria a ser estatizada. Então, por que acabar com a RFFSA?