Fim do mundo

Volta e meia alguma seita ou algum louco travestido de profeta anuncia o fim do mundo. Será assim ou assado, no dia tal ou qual. E até agora esta imensa bola continua rodando, sobre ela a humanidade com todas as suas vitórias e muito mais suas misérias. Freqüentes também os fenômenos naturais que ceifam vidas, por vezes aos milhares, como aconteceu recentemente na Ásia.

À força de verem repetidas essas repetidas e infundadas adivinhações, os cidadãos com maior instrução se tornaram céticos. Demasiadamente céticos, pois alguma coisa de grave está ocorrendo com o mundo.

Efeito estufa talvez ou provavelmente. O alargamento do buraco na camada de ozônio, há tantos anos denunciado, e os desmatamentos que, depois de haverem desnudado as terras de países mais adiantados economicamente, hoje empobrecem a maior reserva florestal e de água doce do planeta, a nossa Amazônia. Regiões antes não sujeitas a demoradas e terríveis secas, como o Sul do Brasil, hoje apresentam terras esturricadas, plantações perdidas e animais morrendo de sede.

Entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, visando à preservação do meio ambiente, mas do compromisso de preservação da natureza não participam importantes países industrializados, inclusive os Estados Unidos. Motivo: interesses econômicos que se sobrepõem aos de sobrevivência. Essa discussão já ultrapassa as camadas de videntes, previdentes e defensores do meio ambiente, para sensibilizar cientistas, que começam a fazer severas advertências. O Instituto Goddard para Estudos Espaciais, ligado à Nasa, divulgou pesquisa apontando um crescimento da temperatura média do planeta nos últimos anos. Os resultados da pesquisa, realizada pelos cientistas Makiko Sato e James Hansem, mostram que 2004 foi o ano mais quente em mais de um século. Entre os fenômenos naturais, eles destacam erupções vulcânicas ocorridas em 1963, 1983 e 1991, e o El Niño aquecendo as correntes do Pacífico e provocando desequilíbrios climáticos. O relatório aponta, entretanto, a poluição industrial como o principal problema, pois causa progressivo aumento de gases na atmosfera, agravando o efeito estufa. 2005, segundo os cientistas, deverá ser um ano ainda mais quente.

O que assusta é que as conclusões da Nasa reforçam a tese já levantada de que estamos chegando a um ponto sem retorno. A deterioração do meio ambiente tende a se tornar irreversível, o que equivale ao fim do mundo, ou da vida que nele existe. Para reforçar essa perspectiva apavorante, Jared Diamont, Prêmio Pulitzer, considera a possibilidade de que as modernas civilizações venham a desaparecer, como já aconteceu com as de outros povos. E aponta, também, a destruição do meio ambiente como a provável causa desse fim do nosso mundo.

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