O ano de 2006 reserva surpresas agradáveis para inúmeros setores da economia que passaram os últimos três anos reclamando medidas concretas do governo na implementação de projetos para dinamizar a circulação de capitais.
As razões são óbvias, afinal o presidente Lula chegou ao último ano do mandato e, mesmo aceita a mais forte das razões para a abertura dos cofres – o saneamento das finanças públicas – não deixou de causar surpresa o fato da injeção de R$ 46 bilhões na economia, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de longo período de jejum.
O aumento do salário mínimo para R$ 350 a partir de abril, a correção da tabela do Imposto de Renda, o pacote da construção civil e, até, a redução do superávit primário, de 4,84% de 2005 para 4,25% do PIB em 2006, permitiram fechar a conta do dinheiro extra a ser derramado Brasil afora.
A prodigalidade levou a consultora Rosenberg&Associados, segundo noticiou o Valor Econômico deste final de semana, a rever para cima seu cálculo de crescimento do PIB de 3,3% para 3,6% no presente exercício. Ainda não se trata de taxa de crescimento capaz de despertar euforia, mas já é alguma coisa.
Com o aumento do salário mínimo haverá entre R$ 22 bilhões e R$ 24 bilhões a mais girando na economia. Esse é um dado promissor, sobretudo pelo impacto favorável na economia do amplo segmento populacional situado na base da sociedade, que desfrutará de alguma sobra financeira para melhorar, pelo menos em parte, seu padrão de vida. Recurso que decerto vai beneficiar o pequeno comércio e o setor de serviços destinado a atender essa faixa da população, sobretudo nas áreas de alimentos e vestuário.
O pacote da construção civil terá R$ 18,7 bilhões para investimentos no setor da habitação, cujo crescimento em 2005 foi de apenas 1,1%. A recente redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em materiais de construção é também uma medida complementar benéfica na redução dos preços.
A correção da tabela do Imposto de Renda, medida pleiteada há muito pelas centrais sindicais, fará sobrar uns R$ 2,5 bilhões nas carteiras da classe média, significando um pouco mais de fôlego financeiro para despesas adiadas como a reforma do imóvel, a compra de bens de consumo durável, educação e lazer.
Enfim, um começo de ano repleto de boas novas na economia, cujos efeitos – todos esperam – sejam duradouros.