Ninguém mais convencido da cassação do mandato que o próprio Roberto Jefferson, afinal despido desde a última quarta-feira do resguardo da imunidade parlamentar. O País purgou por mais de cem dias a hecatombe desencadeada pelas primeiras referências ao pagamento do mensalão a deputados da base partidária do governo. E não se sabe quanto tempo ainda vai durar.
Histriônico e teatral, Jefferson despediu-se dos colaboradores sem olvidar a apologia da própria família e, em particular, das mulheres que considera importantes na trajetória de 23 anos como deputado federal.
Tendo despontado na tropa de choque do ex-presidente Collor – antes disso era pouco conhecido – Jefferson assumiu a presidência nacional do PTB com a morte de José Carlos Martinez, tornando-se comensal do governo, pois seu partido pertencia à famigerada base.
Tirante as diatribes de sempre, o ex-deputado ficou devendo à nação o esclarecimento definitivo dos motivos que ensejaram o rompimento. Nada foi declarado que acrescentasse um pouco de luz a esse panorama torturante impingido às instituições.
Nem a despeitada referência pessoal ao presidente da República foi novidade. Aliás, mereceu repúdio generalizado. Ao político privado do direito de disputar eleição por oito anos, resta a tentativa de apresentar seus dotes canoros num cabaré da serra fluminense. Bom proveito.