A chapa sobre a qual esturrica a inválida proeminência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reeleito presidente do Senado graças à liderança imposta sobre a bancada de seu partido – a maior da Câmara Alta – em aliança indissolúvel com o soba do Maranhão e Amapá, José Ribamar da Costa Sarney, derradeiro representante da ?vanguarda do atraso? do indigente cenáculo político brasileiro, acaba de ganhar na pessoa de Joaquim Roriz (PMDB-DF) sua mais recente carcaça.
Ex-governador de Brasília e tido como detentor de um dos mais vastos patrimônios do Planalto Central, Roriz teve pleno direito aos holofotes quando a sociedade tomou ciência de parte do diálogo telefônico gravado com Tarcísio Franklin Moura, ex-presidente do Banco de Brasília nomeado pelo então governador, em 1999, no qual se falou sem a menor reserva sobre a partilha do dinheiro proveniente do desconto de um cheque no valor de R$ 2,2 milhões, emitido por Nenê Constantino, dono da empresa aérea Gol.
Para complicar ainda mais a situação de Roriz, Moura, que presidiu o banco estatal até abril, é acusado pela Polícia Civil do DF de chefiar um esquema de desvio de recursos da instituição no total de R$ 50 milhões. Ele e mais 18 envolvidos estão presos sob suspeita de formação de quadrilha, crimes contra a administração pública e peculato, entre outras ações da mesma estirpe também epigrafadas no imenso rol dos maus costumes.
Para apresentar defesa, o senador Joaquim Roriz ocupou a tribuna na semana passada e o espetáculo que se viu foi um absurdo desfile de estreiteza mental, expressões obtusas e lacrimosas juras de inocência, coroadas pela tragicômica bufoneria de opereta, ao invocar em vão o nome do Altíssimo.
Não foi por outro motivo que após o discurso mendaz, nos corredores do Congresso ganhou corpo a versão da renúncia imediata como expediente para evitar um mal ainda maior, o inevitável pedido de cassação do mandato pelo Conselho de Ética.
A fedentina exalada do Senado da República tornou-se de tal maneira intensa que muitos afirmam que é hora de proclamar sonoro basta às chorumelas entretecidas de fantasias e inverdades, com as quais os pais da pátria pegos com a boca na botija tentam engrupir a opinião pública. A população exige o fim da pantomima!